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Reajuste de tarifa de ônibus não afeta bolso
Por Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
31/03/2006 | 07:32
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O reajuste na tarifa de ônibus em Santo André não causará grandes impactos ao bolso do consumidor. A afirmação é do Inpes-Imes (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), que se baseia no fato de que os transportes urbanos representam apenas 3,62% dos gastos mensais da população do Grande ABC. Por conta disso, o aumento nas passagens deve repercutir em alta de apenas 0,02 ponto percentual na inflação regional de abril.

Quarta-feira, a Prefeitura de Santo André anunciou aumento de 5% nas passagens de ônibus a partir da zero hora deste domingo. As tarifas – que custam hoje R$ 2 – passarão a R$ 2,10. A inflação no Grande ABC acumulada desde então, porém, foi de 5,21%, de acordo com o IPC-Imes (Índice de Preços ao Consumidor), menor do que o reajuste divulgado.

Para a alta na tarifa, a AETC-ABC (Associação das Empresas de Transporte Coletivo do ABC) alega que pneus e peças tiveram aumentos entre 25% e 50%. Por conta disso, a entidade pleiteava reajuste para R$ 2,30 em vez de R$ 2,10, solicitação que foi recusada pelo poder público local. Outra dificuldade das empresas, segundo a AETC, foi a elevação nos preços do óleo diesel. O Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Grande ABC) informou que o combustível subiu pelo menos 12% na região desde o início do ano passado.

Efeitos – Apesar da previsão de pouco impacto na inflação, o economista Lúcio Flávio Dantas, responsável pela pesquisa do IPC-Imes, aponta que a elevação da tarifa em Santo André deve causar um efeito dominó e que outros municípios possivelmente reajustarão os preços dos ônibus urbanos. "Historicamente, quando uma cidade eleva os preços as outras também o fazem. Isso aconteceu no ano passado, quando Santo André, Diadema e São Bernardo anunciaram reajustes no mesmo mês. Caso outras cidades também elevem as tarifas, o impacto na inflação pode ser maior do que o projetado."

Em 2005, Santo André, São Bernardo e Diadema elevaram a tarifa em 14% no mês de janeiro – de R$ 1,75 para R$ 2. Dias depois, Ribeirão Pires anunciou aumento nas mesmas proporções. Passado dois meses, foi a vez de São Caetano, que reajustou as passagens em 17,6% – de R$ 1,70 para R$ 2. As elevações se refletiram dentro do subgrupo de transportes urbanos do IPC-Imes: em janeiro, a alta foi de 9,31%. Em abril, o aumento de São Caetano repercutir na inflação: variação positiva de 5,57%. No entanto, devido à pequena influência dos transportes urbanos nos gastos mensais, as ações impactaram em elevação de menos de 0,1 ponto percentual na inflação.

Os dados sobre a inflação regional mostram que o grupo de transportes urbanos só apresentam alterações quando há elevação das tarifas. Conforme o IPC-Imes, desde fevereiro último, o subgrupo permaneceu estável. "Só há alteração quando os preços dos ônibus municipais, trem e troleibus aumentam. Outro item que integra o subgrupo, o táxi, também tem preços tabelados", destaca Dantas, do Imes.

O economista avalia ainda que um dos fatores que reduzirão ainda mais o impacto do reajuste da tarifa para o bolso do consumidor será o aumento do salário mínimo previsto para abril. Um morador de Santo André que utiliza duas conduções diárias – uma para ir e outra para voltar – consome R$ 80 mensalmente com transporte público, o que representa 26% do salário mínimo. Com a elevação, passará a gastar R$ 84. Em razão do aumento do mínimo para R$ 350, consumirá menos com transporte público na cidade: 24% do salário.




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