Política Titulo Investigação
Desconheço problemas no Semasa, alega Aidan

MP sugere ex-prefeito de Sto.André como mentor em esquema de propina na autarquia

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
01/05/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O ex-prefeito de Santo André Aidan Ravin (PSB, 2009-2012) reiterou ontem que desconhece qualquer tipo de irregularidade no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), após ser mencionado pelo Ministério Público como um dos principais mentores de esquema de propina praticado na autarquia. “Se houve (algum problema ilícito), (o agente) tem de ser punido. Eu nunca tive envolvimento, participação em nada. Estou tranquilo”, alegou. A Promotoria promete formalizar a denúncia na terça-feira, apontando que há provas documentais e testemunhais de corrupção no órgão.

Aidan relatou que não possui informações do andamento das investigações do MP, citando que prestou apenas depoimento – em janeiro de 2013, logo quando perdeu o foro privilegiado – ao então delegado que presidia o inquérito civil, Gilmar Camargo Bessa, transferido para cargo em São Paulo. Desde então, segundo ele, não foi chamado para outras oitivas. “Se o promotor (Roberto Wider Filho, à frente do caso na 1ª Vara Criminal) acha que tem prova, por que ele não me chama (para depor)? Não entendo essa postura adotada”, justificou.

Wider afirmou que não fará novas diligências ao verificar que existem “elementos suficientes no processo para chegar ao convencimento”, o que embasará a acusação oficial, pedindo abertura de ação civil pública do caso à Justiça. No inquérito, foram cerca de 30 depoimentos. O promotor identificou que “houve cobrança de valores indevidos” na emissão de licenças ambientais. “São provas técnicas de que havia atuação de quadrilha lá dentro (da autarquia), inclusive com participação direta do prefeito”, defendeu.

A Promotoria usará as declarações já concedidas pelo ex-prefeito. Na oportunidade da oitiva à polícia, Aidan negou relação ilegal com a autarquia. Ele assegurou que somente conhecia “superficialmente” o advogado Calixto Antônio Júnior, apontado, na ação, de ser o elo do Paço na paralisação das licenças e formação de filas para extorsão de empresários. Em contrapartida, Calixto, o ex-superintendente do Semasa Ângelo Pavin e dois ex-diretores do órgão sinalizaram que a nomeação do advogado, mesmo sem ser funcionário, partiu do gabinete do Executivo.

O ex-chefe do Paço rechaçou ter ciência que o advogado – que dava expediente diário no local – atuava com o superintendente, no sexto andar do prédio da autarquia, onde funcionava a direção. “Não sabia que o Calixto ficava lá com o Pavin. Eu não tive ligação”, argumentou, ao acrescentar que não se colocará como vítima do episódio.

O socialista admitiu que, durante o período em que era prefeito, foi procurado por “algumas pessoas e grupos (empresariais)” para tratar de dúvidas sobre liberação de certificados autorizativos para obras na cidade, mas garantiu que encaminhava a Pavin, seu amigo particular até então e que, posteriormente, o exonerou por quebra de confiança. “Falava diretamente com ele para tentar esclarecer (a situação).”

Socialista critica evento oficial para ‘reinaugurar’ ala do CHM

Médico servidor da rede, Aidan criticou a ‘reinauguração’ realizada pelo governo andreense no segundo andar do CHM (Centro Hospitalar Municipal), na terça-feira. O ex-prefeito disparou contra a gestão Carlos Grana (PT) ao falar que “pintar a parede e fazer pequenas mudanças” não podem ser consideradas como “lançamento”. “O que tem de novo? Houve apenas adequações. Somente reformou espaço e diz que está inaugurando a pediatria. Inclusive, há problema sério (neste setor)”, alegou, ao citar que o secretário de Saúde, Homero Nepomuceno Duarte (PT), deixou o petista em saia justa. “Ele deveria ter posicionado o prefeito que o equipamento está cheio de problemas.”

O CHM passará a contar a partir do dia 4 com o Hospital Dia, serviço que oferece cirurgias de pequena e média complexidades. O Paço entregou também a revitalização da enfermaria da pediatria e a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica. Aidan reclamou que a Saúde está à beira do caos e que as intervenções não trazem soluções para os grandes gargalos da área. “Existem problemas sérios. Há descontrole e ainda fazem festa de inauguração. O PA (Pronto Atendimento) Central está fechado (em obras) e tudo é encaminhado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas) Centro, que, por exemplo, só tem três leitos pediátricos. Além disso, faltam remédios na rede.”




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