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Mauá não terá
Carnaval em 2011
Havolene Valinhos
Do Diário do Grande ABC
28/12/2010 | 08:19
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A pouco mais de dois meses para o Carnaval, que acontece em 8 de março, o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), confirmou que a cidade não contará com o desfile das escolas de samba em 2011.

A justificativa do petista é que, por conta de questões documentais, o repasse de R$ 420 mil do Executivo à Uesma (União das Escolas de Samba de Mauá) só seria realizado no dia 20, restando pouco tempo para que a infraestrutura necessária fosse montada. Por isso, segundo ele, a Prefeitura, em comum acordo com a associação, resolveu cancelar o evento.

O chefe do Executivo pontuou que a verba não será repassada porque o Paço não teria tempo suficiente para fazer balanço financeiro, e só poderia liberar o montante no dia 20.

Oswaldo admitiu que a data ficou apertada para fazer a organização necessária, mas explicou que não houve alternativa. "Já autorizei para que as secretarias de Governo e de Cultura negociem para tentar ajudar a Uesma a desenvolver durante o próximo ano o projeto Sambrincar, nas escolas e nas comunidades, para que o Carnaval se torne algo mais cultural."

Indagado se a Prefeitura, independentemente da burocracia, teria dinheiro em caixa para fazer o repasse Oswaldo desconversou. "Hoje o operacional está em dia, mas não está sobrando nada. Estamos fechando a zero. Lógico que se eu repassasse esses R$ 420 mil em um desses três últimos meses iria ficar devendo a algum fornecedor em 2011, o que também é natural, um atraso de dois meses. Não pode é acumular dívida como a que sobrou para eu pagar, de R$ 217 milhões", atentou, referindo-se, mais uma vez, ao montante deixado pela gestão do ex-prefeito Leonel Damo (ex-PV, atualmente sem partido).

OUTRO LADO - A presidente da Uesma, Sirlene Brito Couceiro, confirmou a inviabilidade de realizar a festividade. Ela, no entanto, não escondeu o desgaste em negociar com o Paço durante o ano. "Estamos tentando negociar o Carnaval desde abril. Aconteceram várias coisas até agora, inclusive aquela questão do TCE (Tribunal de Contas do Estado, questionando o uso da verba da entidade em 2008)", disse.

Contudo, a presidente garantiu que o problema foi resolvido e a Prefeitura anunciou que liberaria a subvenção no dia 15 passado, com a condição de que a prestação de contas fosse entregue até o dia 31. "Como iríamos fazer tudo em um mês tão atípico, no meio de feriado onde o que se encontra são artigos natalinos? Aceitar seria inviável, irresponsabilidade com o dinheiro público."

Então, a Uesma pediu para que o Paço liberasse a verba na primeira semana de janeiro, mas a administração alegou que "não teria tempo hábil para realizar os trâmites burocráticos." "A vontade é fazer o Carnaval, mas estamos amarrados. Escolas não têm o que fazer. A população espera um Carnaval de qualidade. Não podemos fazer qualquer coisa. "

Prefeitura barrou a festa em outras duas ocasiões

O ano que vem não será o primeiro que Mauá ficará sem a maior e mais tradicional festa popular do Brasil. Os moradores da cidade já amargaram a falta do Carnaval em 2007, na gestão do ex-prefeito Leonel Damo, e em 2009, no início da administração do petista Oswaldo Dias. Nos dois casos, o argumento foi de que a Prefeitura não tinha condições de pagar as subvenções e arcar com a infraestrutura do evento.

Em dezembro de 2006, o então secretário de Governo, Francisco Carneiro, o Chiquinho do Zaíra (ex-PSB, atualmente no PMN) cancelou o repasse de R$ 1,2 milhão para a Uesma dois meses antes da festividade. "A Prefeitura hoje não pode dar nenhum centavo para as escolas. Não tem jeito. Além disso, estamos com o atraso de três meses no pagamento de fornecedores." admitiu Chiquinho, à época.

O socialista responsabilizou a administração Diniz Lopes (PR) - que chefiou interinamente o município entre janeiro e dezembro de 2005 -, por ter, segundo ele, superestimado o Orçamento para a festa.

Em agosto de 2008, a Uesma recebeu subvenção de quase R$ 400 mil, divididos em três parcelas, para realizar o Carnaval do ano seguinte. Mas ao assumir o Executivo, Oswaldo Dias cancelou a festa, alegando que o Paço estava endividado e não teria condições de arcar com as despesas de infraestrutura.




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