Setecidades Titulo Trânsito
Denatran adia prazo para substituição de extintor automotivo

Decisão foi tomada pela dificuldade em achar o
produto, que tem prazo de entrega de sete meses

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
06/01/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) anunciou na noite de ontem que irá adiar por 90 dias o início da obrigatoriedade dos extintores de incêndio com carga ABC nos veículos automotores. A resolução 333/2009, que entrou em vigor no dia 1º, estabelece que o modelo deverá substituir os equipamentos mais antigos, do tipo BC. O novo prazo será contado a partir da publicação de novo texto.

O artigo 230 do Código de Trânsito Brasileiro estabelece que conduzir veículo sem item obrigatório é infração grave, com multa de R$ 127,69 e cinco pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O extintor ABC tem validade de cinco anos, enquanto o modelo anterior vencia em três anos e tinha possibilidade de recarga. O aparelho BC é indicado para apagar fogo gerado em líquidos inflamáveis e material elétrico. Já o atual tem efeito adicional sob combustíveis sólidos, como plástico ou estofado.

A notícia da prorrogação alivia os condutores, que têm enfrentado martírio – e sem sucesso – para achar o equipamento. Fabricantes têm pedido até quase sete meses para atender aos pedidos. Na tarde de ontem, a equipe do Diário ligou na fábrica Resil, localizada em Diadema e que atende o Grande ABC e outros municípios do Brasil. A atendente questiona se aquele é o primeiro contato. Diante da resposta positiva, o retorno é desanimador. “O prazo para entrega é de 200 dias.”

A analista de marketing da companhia, Andressa Sanches Carrilho, explicou que a indústria trabalha com programação de pedidos e que a produção não parou por nenhum dia, mesmo no período de festas de fim de ano. “Para as encomendas, o prazo de entrega é imediato”, informou. Segundo a funcionária, o preço de venda sugerido ao revendedor está em torno de R$ 50 a R$ 60, mas o Diário encontrou lugares com o valor de R$ 90, como em um posto de combustível no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo.

Mesmo quem já é cliente cativo das fábricas tem tido dificuldade em prever quando poderá repor o estoque. “O meu fornecedor deu um prazo de 60 dias e isso ainda porque somos compradores dele. Caso contrário, o tempo seria muito maior”, disse Eliana Alves Pianco Vaillant, sócia-proprietária da Unitext Extintores, localizada no Centro de São Bernardo.

Dono da loja FG Extintores, localizada na Vila Alpina, em Santo André, Gabriel Rodrighero Batista vendeu os últimos 20 equipamentos do tipo ABC ontem, uma hora depois de abrir as portas do comércio. Agora, quem procura pelo aparelho integra uma lista de espera, que já tem mais de 50 nomes.

Em uma semana, região vende 12 mil equipamentos com carga ABC

Na semana entre o Natal e o Ano Novo, postos de combustível do Grande ABC venderam 12 mil extintores do tipo ABC, segundo o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo), Wagner de Souza. “Como tem baixa rotatividade e não há onde armazenar muitos, os postos têm, em média, 50 unidades para vender”, diz, explicando a falta do produto.

Carros fabricados a partir de 2005 já saem de fábrica com o novo modelo. Portanto, donos de automóveis 2014, por exemplo, não precisam fazer a troca. Mas nem todo mundo se atenta a isso. “Tem pessoas que têm carro novo e vêm procurar. Tem também quem não sabe onde fica o extintor. Precisaria haver mais informação”, salienta.

O engenheiro automotivo e professor da Universidade Mackenzie Luiz Vicente Figueira de Mello, fala que, devido à baixa incidência de incêndios, não há obrigatoriedade de extintor em países como Canadá, Alemanha, Japão e Suécia. “Se fosse tão importante, deveria também ser obrigado para motocicletas, pois são veículos automotores.”




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