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Decretada prisao preventiva de co-autora da morte de juiz
Por Do Diário do Grande ABC
16/11/1999 | 08:46
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O juiz da 2ª Vara da Justiça Federal, Jeferson Schneider, decretou nesta segunda-feira a prisao preventiva da escrevente Beatriz Arias, que cumpria prisao temporária desde o último dia 17 de setembro.

Caso o pedido nao fosse feito ela poderia ser solta nesta terça, uma vez que venceu o prazo de sua detençao como co-autora do assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral, morto no início de setembro deste ano. A Polícia Federal do Mato Grosso voltou a confirmar que o taxista Marcos Peralta, tio de Beatriz Arias, funcionária do Fórum de Cuiabá (MT), foi o assassino do juiz.

O delegado José Pinto Luna, que preside o inquérito, nao acredita mais que o crime do juiz tenha ligaçao com as denúncias de Amaral sobre as ligaçoes dos desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso com traficantes do estado. Beatriz revelou ao delegado que o juiz tinha intençao de fugir do Brasil com o dinheiro que ele teria arrecadado ilegalmente dos depósitos judiciais (cerca de R$ 1,5 milhao) desviados da 1ª Vara da Família, da qual era titular antes de desaparecer no fim de julho deste ano.

Pinto Luna disse que o crime foi confessado por Beatriz, que estava com o tio no momento do assassinato. Por isso, ela, que está presa incomunicável em Cuiabá há mais de um mês, será indiciada como co-autora do crime. De acordo com a confissao de Beatriz, Marcos Peralta deu os dois tiros em Leopoldino por motivos fúteis, mas ela nao explicou as razoes dos disparos. A Polícia Federal e a Interpol estao à procura de Peralta, que deve estar no Paraguai. Depois de sua prisao é que a PF poderá saber se ele agiu por conta própria ou se havia algum mandante.

Nos depoimentos à PF, Beatriz Arias, funcionária do Fórum Cível de Cuiabá, revelou detalhes do trajeto que levou ao assassinato do juiz. Ela disse que Amaral vivia momentos de grande pressao em virtude das denúncias apresentadas contra desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Beatriz contou que ela, o tio e o juiz deixaram Cuiabá na sexta-feira 3 de setembro, seguiram para a cidade de Pedro Juan Caballero na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, onde chegaram, por volta das 17 horas de sábado, dia 4. Lá, o juiz se hospedou num hotel, enquanto ela, com o carro do juiz, ao lado do tio, foram para a cidade de Vallemy, a 500 quilômetros, de Pedro Juan Caballero.

No domingo, dia 5, pela manha, segundo o relato, ela se encontrou com Félix Villalba, tio de seu marido Paulo Paniágua, de quem emprestou a arma utilizada no assassinato. Na mesma data Beatriz e o tio retornaram para Pedro Juan. Eles chegaram na cidade já na segunda-feira, 6, por volta das 18 horas. A viagem foi longa em funçao das condiçoes da estrada.

Os três se encontraram com Amaral e, no final da tarde, deixaram o hotel rumo a Concepción. No caminho, o juiz foi executado, segundo a escrevente, pelas maos do tio, Marcos Peralta. O assassinato aconteceu por volta da 1 hora da madrugada do dia 7 de setembro. Em seguida, os dois atearam fogo no corpo do juiz.

O corpo de Leopoldino, semicarbonizado, foi encontrado cinco horas depois pelo estudante paraguaio César Dario Savala. Ele também encontrou os documentos do juiz e avisou à polícia. A notícia chegou à Polícia Federal em Cuiabá por volta do meio dia.




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