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Poesia materializada

Sesc Santo André abre exposição que conta
os 65 anos de carreira de Augusto de Campos

Por Miriam Gimenes
21/09/2016 | 05:18
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Celso Luiz/DGABC


Iniciado no Brasil com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o concretismo trocou, literalmente, a roupa da poesia. Com ele, passou-se a ser valorizado não só o conteúdo, mas também a sua forma e a maneira como era representada. Precursor dessa arte, o poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e música Augusto de Campos – que, ao lado do irmão Haroldo de Campos e de Décio Pignatari, deu início ao movimento no Brasil – a materializou em toda sua obra. E lá se foram mais de seis décadas.

Grande parte dela poderá ser vista a partir de hoje na exposição Rever, que ficará em cartaz no Sesc Santo André até dia 4 de dezembro. É a maior exposição individual dele: ao todo são 75 obras, entre livros, serigrafias, objetos, colagens, instalações, áudios e vídeos. O seu universo, chamado de verbivocovisual (dimensões semânticas, sonoras e visuais da palavra) é exposto em ordem cronológica. “O fato é que estes poemas caberiam melhor, talvez, numa exposição, propostos como quadros, que num livro”, escreveu Augusto em Não (2003), cujo trecho está exposto na mostra. No auto dos seus 85 anos ele continua em plena atividade.

A seleção de obras teve como ponto de partida os quatro livros de poesia editados por Augusto: Viva Vaia (1979), que reúne a produção do poeta desde seu primeiro livro (O Rei Menos o Reino, 1951), Despoesia (1994), Não (2003), e Outro (2015), além de obras sonoras e audiovisuais produzidas por ele.

O curador Daniel Rangel diz que a intenção dessa exposição é mostrar a face artística de Augusto. “Ele é considerado poeta, escritor, ensaísta, crítico musical, mas a palavra artista visual não aparece nas suas descrições. Vamos mostrar que ele é um grande artista visual.” E basta andar pelas dependências do saguão da mostra, cujo piso foi desenhado pelo andreense Luiz Sacilotto, outro concretista, para constatar que Augusto tira até o último suspiro de seus poemas, que podem ser vistos musicados – Caetano Veloso foi um dos artistas que gravaram suas poesias –, projetados, em forma de escultura ou serigrafado. “Ele não se esgotou no livro, estava à frente de seu tempo. Fazia arte contemporânea muito antes dela existir e acompanhou os avanços tecnológicos como ninguém”, ressalta Rangel. A mostra terá atividades para todas as idades, inclusive para as crianças e jovens.
 




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