A frota de veículos do Grande ABC cresceu 67,84% nos últimos dez anos, segundo dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo. De 1.051.045 carros emplacados nas sete cidades em 2005, o número passou para 1.764.051 neste ano. Os dados representam 188 novos automotores por dia nas principais vias da região. Especialistas ouvidos pelo Diário apontam a necessidade de investimento no sistema viário e no transporte coletivo por parte das administrações, tendo em vista os impactos já observados no trânsito.

O acréscimo dos sete municípios é superior aos números alcançados pela Capital, que teve crescimento de 49,63% no mesmo período. Neste ano, a frota paulistana chegou a 7.960.681 unidades, contra 5.320.252 em 2005.

Responsável pela menor frota do Grande ABC, Rio Grande da Serra foi a cidade que teve o maior crescimento (166,17%). Atualmente possui 16.798 carros, quase o triplo dos 6.311 do período anterior.

Já Diadema dobrou o número de veículos nos últimos dez anos. De 88.147 carros, passou a 192.017, aumento de 117,84%. O feito quase foi alcançado por Mauá, onde a alta foi de 97,23%. Atualmente, o município possui 198.995 automóveis, contra 100.895 em 2005.

São Bernardo, que tem a maior frota da região, teve acréscimo de 64,43%. Santo André (53,89%) e São Caetano (38,75%) também seguiram o forte crescimento.

Especialista em Mobilidade Urbana, a professora Silvana Zioni, da UFABC (Universidade Federal do ABC), justifica o cenário com o crescimento socioeconômico das sete cidades. “Acho interessante pensar nessa perspectiva de dez anos. Durante esse período, tivemos aumento da renda das famílias da região.”

Tendo em vista os reflexos diretos no trânsito, principalmente no que diz respeito ao estrangulamento viário, Silvana aponta a necessidade de esforço coletivo das prefeituras para fazer com que o transporte público integre as sete cidades. “Ainda precisamos investir em corredores de ônibus e na interligação deles. Oferecer o coletivo como substituto é uma opção viável e urgente”, avalia.

A especialista destaca os projetos que as prefeituras do Grande ABC têm realizado para diminuir os impactos. “Obviamente o aumento da frota gera efeitos de congestionamentos. Entretanto, é importante ressaltar que algumas obras que estão sendo executadas são positivas para a mobilidade urbana.”

Segundo Silvana, o sistema de rodízio de veículos adotado na Capital ainda não é opção viável para a região. “São Paulo já experimentou essa experiência e viu que é uma solução momentânea, que não se sustenta a longo prazo. É necessário investir no sistema viário.”

Sete municípios juntos têm um veículo para cada 0,65 habitantes

Se levado em consideração o número de habitantes das sete cidades em 2013, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a região tem média de 0,65 carros para cada um dos 2,68 milhões de moradores. O número é próximo ao da Capital (0,66).

São Caetano tem a quinta maior frota da região e a maior média de veículos por morador: quase um carro para cada um dos 156.362 munícipes. Já Santo André tem 0,75 carros para cada um de seus 707.613 habitantes.

Outros dois municípios ultrapassam o índice de 0,5 veículos por morador: São Bernardo (0,73) e Ribeirão Pires (0,54). Já Diadema possui média de 0,46 carros por pessoa. Mauá (0,44) e Rio Grande da Serra (0,35) vem na sequência.

O Detran ressalta que a frota muda constantemente, pois, da mesma forma que carros zero quilômetros ou vindos de outras localidades são incorporados, alguns também são transferidos do município para outras localidades.