Jornalista e crítico de cinema estava internado após queda motivada por arritmia cardíaca
O jornalista e crítico de cinema Rubens Ewald Filho morreu na tarde de ontem, aos 74 anos. Ele estava internado em estado grave no Hospital Samaritano, em São Paulo, desde 23 de maio, quando sofreu queda em escada rolante e desmaiou na ocasião, com complicações motivadas por causa de arritmia cardíaca.
Filho era considerado um dos maiores especialistas sobre a sétima arte do País, com suas análises sobre filmes sendo referência entre os profissionais do gênero. Natural de Santos, morava em São Paulo e ainda acompanhava o lançamento de obras, produzindo textos para seu blog (com ajuda de equipe de apoio). Desde os 11 anos, tinha hábito de anotar informações, como título e nomes do diretor, roteirista e elenco, em caderno.
A facilidade em lidar com diferentes mídias fez com que tivesse presença em vários tipos de meios de comunicação, casos de periódicos impressos, rádio, televisão e internet. Os primeiros trabalhos ocorreram no jornal A Tribuna, na baixada santista. A carreira do jornalista também é marcada por passagem nas redações de Jornal da Tarde e O Estado de S.Paulo, além de ter escrito para a revista Veja.
Seu conhecimento vasto sobre o universo cinematográfico também marcou a transmissão da cerimônia do Oscar, fazendo parte da atual equipe escalada pelo canal pago TNT nas exibições ao vivo da festa e revelando informações extras sobre indicados e vencedores nas diferentes categorias, desde as mais técnicas até os troféus principais. Na edição de 2018, fez comentário um tanto quanto polêmico sobre a atriz chilena Daniela Vega, do longa-metragem Uma Mulher Fantástica, a primeira transexual a participar e subir ao palco para apresentar um dos shows. Quando ela apareceu no momento, o crítico disse: “Essa moça, na verdade, é um rapaz”. A TNT chegou a conversar com ele para que evitasse esse tipo de dizer durante as transmissões.
Além de escrever e desenvolver críticas, teve ação ativa na produção do cinema nacional, principalmente nos anos 1970. Ele foi ator em As Gatinhas (1970) e assinou os roteiros de A Árvore dos Sexos (1977), em parceria com Carlos Alberto Soffredini, Eugênia de Domênico e Mauricio Rittner, e Elas São do Baralho (1977), desenvolvendo história ao lado de Roberto Silveira e Adriano Stuart. Também foi responsável por curadoria de alguns dos principais eventos temáticos brasileiros, a exemplos do Festival de Cinema de Gramado (Rio Grande do Sul) e o Festival de Cinema de Paulínia (São Paulo). O lado escritor também apareceu na novela Éramos Seis (1994), do SBT.
Entre o material didático deixado por Filho para os cinéfilos, destaque para o livro Dicionário de Cineastas (1977), referência para estudantes e críticos.
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