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Adolescentes são vacinados com imunizantes
não autorizados em Rio Grande da Serra

Pelo menos 12 jovens receberam a primeira dose das vacinas Coronavac e Oxford, enquanto a Anvisa autorizou apenas o imunizante da Pfizer aos adolescentes

Da Redação
Do Diário do Grande ABC
17/08/2021 | 17:15
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André Henriques/ DGABC


Atualizada às 19h14

A Prefeitura de Rio Grande da Serra vacinou, com a primeira dose, pelo menos 12 jovens, de 12 a 17 anos com comorbidades, com o imunizante da Coronavac, imunizante fabricado em parceria com o Instituto Butantan, e da Oxford/ Astrazeneca. No entanto, as duas vacinas não estão autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para serem aplicadas em adolescentes. A única vacina autorizada, até o momento, pela agência nacional aos adolescentes é a da Pfizer.

As vacinas foram ministradas no domingo, quando o município iniciou a imunização de adolescentes com deficiência, comorbidades, grávidas e puérperas. Na ocasião, Rio Grande da Serra elaborou esquema de drive-thru para imunizar a faia etária.

Conforme Ester Queiroz Souza, 57 anos, mãe do jovem Raphael, 16, e que tomou Coronavac, o primeiro sentimento ao descobrir que o imunizante ministrado ao seu filho não tinha aprovação foi de “desespero”.

“Eu levei meu filho para se vacinar e achei que estava tudo bem. Quando mandei a foto do cartão de vacinação para a minha filha ela disse que a vacina estava errada e que só a Pfizer tinha autorização. Eu passei mal e comecei a chorar. Meu filho tem autismo e nunca achei que ia passar por algo assim”, declarou. Ester, entretanto, relata que Raphael não apresentou qualquer tipo de reação.

A jovem Francielly, 16, também foi um dos jovens que receberam vacina sem autorização da Anvisa para sua faixa etária. A adolescente sofre de anemia falciforme e também estava na lista de priorizados para receber a imunização no domingo. Naquele dia, a jovem recebeu a primeira dose da Oxford/Astrazeneca.

“Levei minha filha para se vacinar no domingo. Ela fez uma cirurgia há um mês e eu até tentei vaciná-la antes da operação, mas não consegui. Tinha medo que minha filha pegasse Covid. Então, assim que abriu vacinação para a idade dele e com comorbidades já quis garantir”, declarou a mãe da jovem, Francisca Alcione Ferreira Lima, 52. “Acontece que no domingo à tarde, minha filha começou a ter febre e dor no corpo e eu achei melhor buscar ajuda médica. Hoje (ontem), voltei ao posto e o médico que me atendeu disse que minha filha poderia receber vacina da Astrazeneca”, complementou.

Ester e Francisca relataram, entretanto, que a Prefeitura de Rio Grande da Serra, sob comando do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB), não entrou em contato para acompanhar o caso. Francisca alegou que integrantes da administração foram até a casa dela, mas que ela estava no médico com sua filha naquele momento.

Especialistas em infectologia ouvidos pelo Diário sustentam que dificilmente haverá reações adversas por conta da vacinação realizada por engano. Conforme o médico infectologista, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e titular da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Alexandre Inaime, as vacinas apresentam alto grau de segurança. “A Coronavac, por exemplo, tem se mostrado uma das vacinas mais seguras. Há apenas uma inconformidade para que a Anvisa libere o uso dela. No futuro ela tem grande potencial de ser utilizada na imunização de adolescentes”, declarou.

O mesmo pensa o infectologista Paulo Rezende, diretor do Hospital Santa Clara. O médico alega que não há motivo para preocupação, já que reações são muito raras. “Posso afirmar que uma reação importante tem pouquíssimas chances de ocorrer. Claro que se deve manter vigilante, acredito que nada mais grave vai acontecer”, alegou. Ambos os especialistas, entretanto, declaram que, caso algo grave ocorra, os pais e mães dos adolescentes devem buscar auxílio médico.

Por meio de nota, a Prefeitura de Rio Grande da Serra informou que tem conhecimento que as vacinas foram aplicadas de forma equivocada e que os imunizantes não são recomendadas pela Anvisa. “A Secretaria Municipal de Saúde lamenta o ocorrido e informa que os pacientes que receberam as doses já estão sendo monitorados, e aguarda orientação do Estado de como proceder com a segunda dose”, alega a administração. O Executivo afirma que foi instaurado processo administrativo e que determinou afastamento imediato da equipe que participou da vacinação equivocada.
 




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