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A luta urbana

Mitificado como símbolo da liberdade individual, o automóvel irrompe o século 21 como um dos agentes efetivos da ineficiência das metrópoles

Por Cristina Baddini
08/04/2011 | 00:00
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Mitificado como símbolo inconteste da liberdade individual - condição hoje dividida com as motos, razoavelmente acessíveis aos extratos mais jovens e pobres da população - o automóvel irrompe o século 21 como um dos agentes efetivos da ineficiência das metrópoles e médias cidades, promovendo custos ambientais de alta monta e aumentando tempo perdido. No dia a dia das cidades congestionadas, apenas lentamente uma parcela da população começa a se dar conta de que, com o carro individual, perde-se muito mais tempo do que com o transporte público para cumprir seus trajetos rotineiros, pagando mais por isso.

Fonte da queima cotidiana e ineficiente de incontáveis toneladas de carbono, o crescente contingente de automóveis particulares cruza nossas cidades sem que seus fabricantes, revendedores e proprietários sejam sequer indagados a respeito do impacto ambiental que causam. A questão é perguntar por que o conjunto dos automóveis fica livre de algo análogo ao EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) - procedimentos justamente obrigatórios para uma série de atividades urbanas, incluindo a implantação de linhas de metrô e de corredores de ônibus.

Neste momento os desafios urbanos na questão da mobilidade são muitos e o evento da Copa do Mundo 2014 e os investimentos que virão com o PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento) da Mobilidade caso venham a se implantar nos coloca uma perspectiva de melhoria na qualidade de vida das cidades. A priorização do transporte público nas cidades é ponto pacífico nesta discussão e um sistema com qualidade para o usuário, reduzindo tempo de viagem e garantindo confiabilidade e pontualidade nos serviços prestados é fundamental.

Com o objetivo principal de promover a troca de experiências entre cidades para a solução de problemas dentro dos preceitos da mobilidade urbana, nos dias 26 e 27 de abril, acontecerá o Fórum Internacional sobre Mobilidade Urbana, com o apoio institucional do Ministério das Cidades e do governo do Estado de Santa Catarina.

O fórum vai trazer profissionais especializados do mundo todo discutindo assuntos como acessibilidade de pedestres e ciclovias, estratégias e planejamento para soluções em mobilidade urbana e o futuro das tecnologias modais.

A realização também é chancelada pela Rede Mundial Cities for Mobility, sediada em Stuttgart, na Alemanha, maior entidade do planeta que trata sobre Mobilidade Urbana, e que realiza anualmente um Congresso mundial sobre Mobilidade Urbana - World Congress - (http://www.cities-for-mobility.net).

O evento servirá como uma plataforma de comunicação e informação que reunirá lideranças e gestores públicos do Brasil, serão convidados os mais de 600 associados do Cities for Mobility de todo mundo, representações do setor privado, civil, técnicos e profissionais atuantes da área, além do meio acadêmico em geral.

Será uma boa oportunidade de debate e promoção globalizada de informações que resultem em soluções sustentáveis e eficientes entre sociedade, mobilidade e tecnologia. Com a participação estimada de quase 1.000 congressistas, público este de extrema qualificação, o Fórum proporcionará um encontro entre os maiores representantes e interessados no assunto, com posicionamento frente a um mercado discutido mundialmente em busca de novas opções e soluções inteligentes e que demandem amplo planejamento.

Enfim, espero que o fórum também defenda medidas para que o automóvel seja adequadamente taxado por sua ineficiência energética e seu impacto ambiental e que os recursos daí advindos sejam empregados diretamente na melhoria dos sistemas de transporte coletivo.




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