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DJ coloca idosos para cantar e dançar em Sto.André e Mauá
Por Bianca Barbosa
Especial para o Diário
05/12/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


“Não precisa de muito para fazer alguém se sentir especial. Você pode levar uma palavra, um carinho, o seu tempo, isso já faz toda a diferença”, destaca o DJ Felipe Mattos, 35 anos, sobre a profissão que não o sustenta, mas o move todos os dias: o trabalho voluntário. Toda última sexta-feira do mês, Mattos empunha o violão e aparelhagem de som, bate no portão da Instituição Assistencial Nosso Lar, localizada na Vila Linda, em Santo André, e coloca todos os 75 idosos ali abrigados para dançar e cantar. “Adoro quando ele vem. Dá uma vida para a casa”, observa a artesã Perpétua Goulart, 82, moradora da instituição.

Mattos começou a trabalhar como voluntário aos 18 anos, por causa da religião. No início, dava aulas sobre o tema em centros espíritas. Há dois anos, entretanto, o DJ montou projeto de música para levar alegria ao Nosso Lar, e também à Casa de Acolhida Isabel Soler, no Jardim Mauá, em Mauá. “Pensei que estaria doando amor, mas, na verdade, recebo muito mais, daí que vem a emoção”, diz.

Ele participa de todos os eventos de aniversariantes do mês, e fica chateado quando não pode comparecer. “Eles contam com a gente. Quando não venho algum mês, no outro eles já falam que sumi e que estavam com saudades”, diz.

Durante o evento, Mattos conta com ajudantes fiéis. Um deles é o cantor Bruno Simoni, 69. “Ele é o meu maior ídolo”, observa o idoso sobre o DJ. Mattos também divide o microfone com o mecânico aposentado José Rubens Souza Dias, 70. “A partir de agora, me chamem de Zé Cantor. Toca Ébrio de Amor (música do cantor Lindomar Castilho)”, pede ao parceiro. Dias, que ficou cego, considera que os momentos em que se apresenta ao lado de Mattos são “os mais felizes” de sua vida.

Casal de palhaços faz mais alegre a vida de pacientes do Hospital Nardini

No Hospital Nardini, na Vila Bocaina, em Mauá, o administrador de empresas Marco Antonio Tex, 51, dá vida ao palhaço Caco há 15 anos. O projeto Dose do Riso – associação sem fins lucrativos com a missão de levar tempo e amor aos pacientes e corpo clínico do hospital – nasceu inspirado no famoso Doutores da Alegria. “Não fui aceito no grupo. Fiquei decepcionado, mas não desisti”, revela ele, que integrou ainda a ONG Hospitalhaços, de Campinas, antes de criar a própria ação social.

“Trabalhei em hospitais de Campinas por seis meses, todos os sábados, sem descanso. Mas logo bateu o cansaço em pegar a estrada”, conta.

Um ano depois de o projeto ganhar força em Mauá, Tex convidou sua mulher, Amanda Moreno Lima, 37, para conhecer o projeto. A dupla já formou mais de 600 voluntários e hoje tem 20 parceiros fixos, que se dividem nas atividades aos sábados. O Dose do Riso também colaborou para a criação de seis grupos, que hoje atuam em hospitais do Grande ABC e no Interior do Estado.

Durante os anos, muitas histórias tocaram o coração do palhaço. Uma delas, em especial. Certa vez, na ala de psiquiatria, Caco conheceu dona Maria, na época com 55 anos, senhora quieta e novata no local. “O enfermeiro contou que ela havia perdido a memória por estresse de trabalho e depressão”, lembra. A partir das visitas semanais, criou-se vínculo e certa amizade.

Depois que a paciente teve alta, o profissional foi surpreendido pela presença dela no setor. “Estava descaracterizado e, quando passei pela recepção, escutei alguém gritando meu nome. Era dona Maria. Quando questionei o que ela fazia lá, disse que estava fazendo o que ensinei, visitar os amigos na psiquiatria. Chorei.” 

O palhaço também tem boas lembranças dos pequenos. “Mesmo doente, quando uma criança vê o palhaço, corre para brincar. Nessa hora esquece das agulhas, esparadrapos, remédios. Sempre que saio da sala, ouço o eco dos comentários de crianças e adultos sobre a visita. A sensação é a de dever cumprido”, diz, feliz.




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