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Eliane Giardini: 'não creio em bruxas'
Por Márcio Maio
Da TV Press
03/06/2007 | 07:01
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Depois de uma longa temporada de papéis fortes, porém cômicos, Eliane Giardini sentiu vontade de mudar de ares. E conseguiu. Agora, como a misteriosa Pérola de Eterna Magia, a atriz experimenta usar seus conhecimentos de pesquisas sobre Física Quântica, Filosofia e Psicologia para se adaptar ao clima místico da trama. “Não acredito em bruxas, mas sempre fui muito curiosa sobre o que existe por trás das coisas visíveis”, afirma.

PERGUNTA: Você recentemente disse que já estava na hora de mudar de ares. Conseguiu isso com a Pérola de Eterna Magia?

ELIANE GIARDINI: Acho que a gente opera em um movimento de pêndulo. Quando isso se completa, quer o oposto do que está se acostumando a fazer. Passei por uma fase longa de papéis muito temperamentais e engraçados. Foi das mais divertidas da minha vida, com trabalhos como a Nazira, de O Clone, e a Neuta, de América, além de outras mulheres fortes. Mas chega uma hora que a gente precisa procurar um outro lado. O grande problema dos artistas é que a televisão não é um veículo que possa correr muitos riscos. As pessoas sabem mais ou menos qual é o seu perfil e enquadra você nisso. Minha intenção é expandir cada vez mais essas possibilidades porque é vantajoso para a carreira. Por tudo isso acho que a Pérola entra bem nessa meta, já que é uma mulher delicada, culta, amedrontada e com esse atrativo da magia. Ela está sempre cercada de pessoas temperamentais, mas tenta amenizar a situação. É um personagem que escapa do estilo dos meus últimos, vai para uma floresta desconhecida.

PERGUNTA: Para você, qual seria o seu perfil como atriz?

ELIANE: Eu mesma ainda não consegui definir. O que eu sei é que exercitei bastante essa coisa meio italiana do cinema dos anos 50, meio Anna Magnani, aquelas coisas mais dramáticas que, de tão tristes, se tornam comédias na outra ponta do trabalho. Acho que isso me define. Quando as pessoas que me conhecem vêem personagens espalhafatosos, intensos nesse aspecto do drama, pensam em mim. Mas já fiz trabalhos diferentes também, principalmente nas minisséries. Uma das coisas que contaram para que eu recebesse o convite para Eterna Magia foi meu trabalho em Um Só Coração.

PERGUNTA: Por quê?

ELIANE: O Carlos Manga pensou em mim porque fez comigo a minissérie. Eu interpretava a Tarsila, que era muito próxima da Pérola. Tinha essas características de mulher culta e refinada. A Pérola, na cabeça dele, seria meio que uma espécie de prima da Tarsila. Eu não planejava voltar às novelas tão cedo. Mas tenho um carinho enorme pelo Manga e foi ele mesmo quem ligou. Disse que seriam poucos atores, ficou falando sobre a magia, as gravações na Irlanda, que seria com a Malu Mader e a Irene Ravache. Acabei entusiasmada com o conjunto.

PERGUNTA: Você já se interessava por esses temas místicos antes da novela?

ELIANE: Filosofia e Psicologia me atraem bastante, então posso dizer que sempre fui muito curiosa sobre o que existe por trás das coisas visíveis. Não acredito em bruxas, mas entendo que a gente não sabe tudo sobre o universo. É difícil explicar certas coisas na vida. Vejo pela minha trajetória mesmo. Fiquei dez anos tentando me sobressair na TV sem conseguir e de repente atingi um patamar legal na carreira, mesmo começando tarde. Em que momento eu mudei? Não sei o que aconteceu. Existem coisas por trás das coisas. Isso me instiga.

PERGUNTA: Você tem mágoas dessa época em que corria atrás e não conseguia ter visibilidade na TV?

ELIANE: Teve uma época da minha vida em que isso foi muito forte, mas passou. Até os 40 anos não conseguia fazer um bom trabalho em TV. Tinha a síndrome da mulher invisível, fazia coisas que não tinham nenhum destaque. Minha primeira personagem na Globo não foi em Renascer, mas em Desejo. Depois fiz ainda Felicidade. Adoro Física Quântica e outro dia estava lendo que todas as coisas que a gente já pensou em toda a vida, em algum lugar, algum plano do universo, têm matéria. Aí fiquei pensando na loucura que é isso e me imaginei acordando um dia e vendo que ainda estou tentando até hoje, sem ter conseguido emplacar um sucesso na TV. É engraçado porque essa era uma grande meta e até hoje levo esses sustos, tenho medo de ter me enganado.

PERGUNTA: E hoje, quais são suas metas?

ELIANE: Minha cabeça viaja muito na vontade de começar a contar as histórias, produzir um pouco. Tenho um desejo imenso, mas falta coragem. Não saberia nem por onde começar. Acho que esse é o rumo que a TV segue atualmente, com várias produções independentes. Tenho planos de abrir uma produtora e experimentar. Não agora, talvez daqui a uns cinco anos. Pode ser até que eu faça, goste e não saia mais desse meio. Depois que você começa a conduzir seus próprios trabalhos, tudo muda. Você fica dono da situação e isso é muito gostoso. No teatro já tenho isso, posso dizer que 99% das peças que participei foram produzidas por mim.




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