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Mascote ramalhina com os dias contados?
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
13/07/2020 | 23:44
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Desde que o norte-americano George Floyd, negro, morreu sufocado por um policial nos Estados Unidos durante uma abordagem, há quase dois meses, movimentos pelo mundo iniciaram ações das mais diversas em busca de igualdade e, sobretudo, justiça. Entre debates e medidas, muitos lugares pelos cinco continentes registraram discussões em torno de figuras com passado contestável relacionado a ações racistas e/ou preconceituosas. E, como tudo, a situação chegou ao Grande ABC. Na semana passada, o Diário trouxe reportagem assinada pelo colega Daniel Tossato a qual aponta que o bandeirante fundador da região, João Ramalho, tratado como herói e alvo de diversas homenagens, entre estátua, nomes de bairro e rua, entre outros, estaria na mira do PL (Projeto de Lei) 404/2020, de autoria da deputada estadual Erica Malunguinho (Psol) – negra e trans – que solicita a retirada dos monumentos que exaltam imagem de escravocratas. No caso específico desta figura tão simbólica na nossa região, não são poucos os relatos de que escravizava e vendia índios que habitavam estas terras. Porém, esta parte da história não é contada. Obviamente teve sua importância, claro, mas é como contar uma notícia pela metade: deixa a desejar.

Alguns países, entretanto, não esperaram aprovação do governo e o próprio povo agiu, como na Inglaterra (onde ocorreu a derrubada a imagem que homenageava Edward Colston), nos Estados Unidos (onde Jefferson Davis teve a estátua arrancada, enquanto a figura que representava Cristóvão Colombo foi decapitada), na República Tcheca (Winston Churchill) e Bélgica (o rei Leopoldo II). Todos estes também tinham ligação com a escravidão.

E o que raios, portanto, tudo isso aqui tem a ver com Esportes? Voltando a João Ramalho, qual é a mascote do Santo André? Exatamente o explorador português e patrono da cidade, que ganhou até um aumentativo e se transformou em Ramalhão nas citações ao time. Criação do cartunista Juarez, em 1981, quando seus traços eram publicados no Diário, baseado em uma torcida uniformizada do time andreense na época e inspirado na estátua que ficava no Paço Municipal – atualmente colocada na Praça dos Correios, após restauro no ano passado.

Aliás, o clube sempre se orgulhou em ter um símbolo diferente dos demais, que geralmente adotam animais ou outros tipos de talismãs para representá-los. Mas pode ser que seja tempo de o Santo André repensar esta figura. Sei que não é fácil, esbarra em diversas questões, inclusive no próprio hino, que cita João Ramalho. Há quem vai chamar de ‘mimimi’, ou seja lá como for, mas acredito que nenhum time quer ser associado a um personagem que, historicamente, tem um passado que reúne misto de amizade (tanto que se aproximou do cacique Tibiriçá e se casou com a índia Bartira) e crueldade com os indígenas.

Gostaria de propor aos leitores desta coluna um desafio: qual poderia ser a nova mascote do Santo André? Quando pensa na cidade ou no time, qual a primeira coisa que vem à cabeça? Confesso que estou neste exercício mental há alguns dias e ainda não encontrei um símbolo tão representativo para se aliar à equipe, que já tem escudo baseado no brasão da cidade, apenas com uma diferença, na troca da frase, em latim, “terra mãe dos paulistas” por Esporte Clube Santo André na base.

É justamente por este processo que está passando o Washington Redskins, time dos Estados Unidos que disputa a NFL (Liga Norte-Americana de Futebol). Após a morte de Floyd, a franquia recebeu grande pressão (a ponto de patrocinadores ameaçarem cortar seus investimentos) para mudança de nome e escudo (tem um índio ‘pele vermelha’ em seu logotipo), os quais ostenta desde 1933, e os dirigentes acataram a ideia. Agora, uma comissão vem buscando novos nome e design à equipe – que, coincidentemente ou não, foi a última do país a ter jogadores negros na liga. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos. Afinal, pode ser que se repitam por aqui.

DE ENCHER OS OLHOS
Quem é fã de Fórmula 1, assim como eu, deve estar muito feliz com o início de temporada da categoria. Por mais que a Mercedes tenha se mantido no topo nas duas corridas da temporada até aqui, a imprevisibilidade do terceiro lugar para trás tem despertado o interesse ainda maior em acompanhar a F-1. Rever a McLaren em lugares de destaque, a chegada da Racing Point na parte de cima da tabela, a competitividade da Renault e até mesmo as trapalhadas da Ferrari, tem sido fantástico. Mas, melhor do que isso, é o que a Liberty Media, grupo que adquiriu o controle da Fórmula 1, vem proporcionando aos espectadores durante e após as transmissões, no que diz respeito a imagens e áudios. São tantas câmeras que parece te levar para dentro de um videogame. Com direito aos áudios das conversas entre pilotos e equipes via rádio. Um espetáculo. A briga na última volta do GP da Estíria, neste fim de semana, entre Sérgio Perez, Lance Stroll, Lando Norris e Daniel Ricciardo é absolutamente incrível. Está disponível no Youtube da F-1, com as imagens on-board dos quatro pilotos e suas comunicações com as equipes. Grande experiência! 




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