Economia Titulo Negociação
Sem aumento real, químicos interrompem série de 12 anos

Categoria obteve ganhos acima da inflação desde 2003; acordo coletivo aceito ontem em assembleia prevê apenas a reposição da inflação

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
31/10/2015 | 07:14
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Denis Maciel/DGABC


Após 12 anos consecutivos de reajustes salariais acima da inflação, os trabalhadores das indústrias químicas do Grande ABC não terão aumento real em 2015. A categoria, que possui cerca de 40 mil pessoas na região, aprovou ontem proposta patronal que prevê apenas a reposição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado em 12 meses até outubro, que deverá ser de aproximadamente 10%.

Apesar da interrupção da série histórica, o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, considera que a campanha salarial deste ano foi vitoriosa. “Considerando a crise econômica e comparando com acordos de outras categorias, a conquista do INPC integral e em uma única parcela é algo positivo. Além disso, mantivemos as atuais cláusulas sociais até 2017”, comenta o sindicalista.

Entre os itens da convenção coletiva do ano passado que permanecerão no documento vigente estão os auxílios creche e funeral; licença para mãe adotante; cláusula de gênero (que garante direitos iguais para casais do mesmo sexo); estabilidade para funcionárias gestantes – desde a comprovação da gravidez até o quinto mês após o parto – e para os empregados em idade de prestação de serviço militar que forem convocados para se alistar. Outra cláusula prevê que a empresa também deve assegurar o emprego ou o salário para os funcionários com pelo menos oito anos de casa que estejam a 12 meses da aquisição do direito a aposentadoria junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O economista Thomaz Jensen, assessor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), também considera que a reposição integral da inflação, sem escalonamentos, é positiva. “É uma vitória, considerando o cenário pelo qual estamos passando, especialmente o setor químico, por causa da indefinição no contrato de nafta.” Outro ponto a ser destacado no acordo firmado é a determinação da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), o que, segundo ele, acontece em poucas categorias no País. A PLR nas empresas com até 49 funcionários será de R$ 930. Nas demais, sobe para R$ 1.030.

Jensen destaca ainda que, entre 2003 e 2014, o ganho real acumulado da categoria – ou seja, acima da inflação – foi de 21,6%. Já nos pisos, os aumentos reais somaram 34,6%. “Quando a economia estava crescendo, o sindicato conseguiu transformar isso em ganho real, repondo, inclusive, as perdas salariais ocorridas durante a década de 1990”, acrescenta o especialista.

Segundo Suzart, o salário médio dos químicos no Grande ABC gira em torno de R$ 1.600. Com os reajustes, os pisos salariais deverão subir para R$ 1.351, nas empresas de menor porte, e R$ 1.385 nas demais.
 




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