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Existe bicho de duas cabeças?
Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
10/04/2011 | 07:00
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Alguns gêmeos podem nascer grudados ou com duas cabeças. Isso ocorre durante o desenvolvimento dos filhotes na barriga da mãe, no caso dos mamíferos. O mesmo problema surge ainda entre répteis, insetos e outras classes de animais. São sempre considerados dois seres distintos.

O embrião (óvulo fecundado pelo espermatozoide, célula reprodutora masculina) pode se dividir durante a gestação, dando origem a gêmeos. Quando a divisão não se completa no tempo certo, antes do desenvolvimento dos órgãos, eles ficam unidos. Também há chances de má formação causada por fatores externos, como uso de agrotóxicos.

Se há apenas duas cabeças e um corpo só, são chamados dicéfalos. Se há dois corpos juntos são siameses. Esse tipo de reprodução pode ocorrer em qualquer espécie, mas é raro; acontece um caso a cada 1 milhão de nascimentos. É mais comum entre répteis, principalmente tartarugas e cobras. Ainda não se sabe o porquê.

Os filhotes grudados correm risco de morrer ao nascer. Dependendo do caso, vivem por pouco tempo. Se os cérebros estiverem danificados, por exemplo, resistem por algumas horas. Mas há casos de tartarugas com duas cabeças que viveram 70 anos, tempo considerado normal para a espécie.

Por serem diferentes, os que sobrevivem passam por dificuldades, como rejeição da mãe que os abandona. Entre os répteis, a aceitação é mais frequente. Já os mamíferos sofrem mais. Na hora de um animal procurar parceiro para se reproduzir, prefere o mais forte e com boa saúde; por isso, os dicéfalos não são escolhidos. Em geral, os de duas cabeças são mais lentos e podem ter problemas de locomoção e visão.

 

Também acontece com gente

Entre os humanos também há casos de gêmeos siameses, embora mais raros: apenas um nascimento, em média, a cada 60 mil nascidos vivos. Isso pode ocorrer na gestação de gêmeos idênticos (mesmo sexo e características físicas), quando o embrião não se divide no tempo certo e gera duas pessoas grudadas. Em geral, a separação é feita até 12 dias após a fecundação, no útero da mãe. Se passar disso, não há mais como os bebês se formarem separados.

Se os irmãos nascerem apenas com uma membrana fina ligada, por exemplo, na região do tórax, é possível fazer cirurgia de separação. Entretanto, se compartilham algum órgão é difícil dividi-lo, como quando só há um coração para as duas pessoas. Alguns casos já tiveram sucesso, como a separação das irmãs Maria Clara e Maria Clarice - unidas pelo abdômen - realizada no Hospital das Clínicas, em São Paulo, em fevereiro.

Os siameses têm várias dificuldades para viver juntos, dependendo da região compartilhada, como manter o equilíbrio. Se um deles morre ou o órgão de algum para de funcionar, imediatamente o outro é afetado. Poucos conseguem chegar à idade adulta. Entretanto, há casos em que os irmãos até se casam.

 

Saiba mais

A cobra We (palavra que significa nós em inglês) morou no Aquário de Saint Louis, nos Estados Unidos, por oito anos. Nasceu em 1999 e morreu por causas naturais em 2007, vivendo o tempo considerado médio para a espécie.

Este inseto da ordem dos gafanhotos e grilos foi encontrado em uma plantação de café na Colômbia. Tinha duas cabeças, mas possuia um risco vermelho só em uma delas. O recurso serve para confundir o predador, como se fosse a traseira.

Os crocodilos siameses foram encontrados numa fazenda próxima a Bangcok, na Tailândia, em 2001. Tinham oito patas e dois rabos. Nasceram saudáveis, com 70 gramas e 17 centímetros. Não há notícias se sobreviveram.

Um gato com duas faces nasceu em 2008, em Santo André, sobrevivendo por poucos dias. Ele tinha quatro olhos, dois focinhos e duas bocas na mesma cabeça. A causa deve ter sido o cruzamento entre integrantes da mesma família.

 

Pedro Luiz de Faria,10 anos, de São Bernardo, encontrou na internet a foto de uma mulher com duas cabeças e pensou que fosse montagem. "Não deve existir. Seria muito estranho ter um corpo só e duas cabeças. Talvez isso possa acontecer com algum bicho, mas deve ser muito difícil viver assim."

 

Consultoria do biólogo Guilherme Domenichelli e de Júlio Elito, professor de Obstetrícia da Unifesp




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