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Um raio-X na injeçao eletrônica
Anderson Amaral
Da Redaçao
26/01/1999 | 19:41
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Introduzida com estardalhaço no país em 1988, no revolucionário, mas problemático, Gol GTi, a injeçao eletrônica está presente hoje em todos os veículos. Resultado do surgimento de leis ambientais cada vez mais restritivas, que reduziram a emissao de poluentes e aposentaram para sempre o carburador, a tecnologia ganhou confiabilidade e, com ela, um grande problema: os consumidores passaram a acreditar, erroneamente, que a injeçao eletrônica nao falha e, por isso, nao requer manutençao preventiva. Como nao conhece o sistema, uma verdadeira caixa preta, o proprietário do veículo fica ainda mais desconfiado, temendo ser passado para trás pelo mecânico.

Assim como outros sistemas do veículo, a injeçao requer manutençao periódica. Salvador Parisi, consultor e instrutor em injeçao eletrônica, acredita que há no Brasil condiçoes que favorecem o desgaste prematuro dos componentes do sistema. "A injeçao eletrônica é bastante confiável e de manutençao duradoura. O problema é que o nosso trânsito, combustível, nossas condiçoes climáticas e a forma como o brasileiro conduz o veículo desgastam o sistema mais rapidamente", comenta. "Além disso, os parâmetros de verificaçao sao virtuais, o que gera desconfiança nos consumidores. Nao há componentes com desgaste visível, como no carburador."

O consultor ressalta também que a luz de advertência no painel - adotada por montadoras como Fiat e GM para alertar o motorista quando há anomalias no sistema - acabou confundindo ainda mais motoristas e mecânicos. "A luz de advertência nos veículos da Fiat é bastante sensível, pois acende após qualquer erro na conduçao do veículo. Quem nao conhece o sistema corre para o mecânico para corrigir um erro que nao existe. Já a luz de advertência dos veículos da GM é mais confiável", explica.

Outro fator que inibe a manutençao preventiva é a desconfiança dos consumidores em relaçao aos mecânicos. "Lamentavelmente, há ainda mecânicos que trocam peças desnecessariamente, mas o que tenho notado é a mudança de perfil dos profissionais do setor. Sao pessoas com melhor formaçao técnica", lembra. A utilizaçao cada vez maior da eletrônica nos veículos, por sua vez, obrigou os mecânicos a se equipar, sob pena de perder a clientela.

"Sem um scanner (aparelho que compara diversos parâmetros do sistema com valores pré-estabelecidos), um multímetro, um analisador de injetores e um analisador de gases nao há como revisar a injeçao eletrônica", explica. Parisi, no entanto, ressalta que o conhecimento é fundamental. "Alguns mecânicos acreditam que é possível consertar tudo com o scanner, mas há defeitos que o aparelho nao reconhece. Nesses casos, somente quem conhece a injeçao a fundo consegue resolver o problema."

Carlos Alberto Moraes, proprietário da oficina Motorzoom, de Santo André, acredita que o programa de inspeçao veicular, previsto no Código Nacional de Trânsito, deve modificar o comportamento do motorista brasileiro, levando-o a fazer uma manutençao preventiva no veículo. "A injeçao eletrônica exige uma verificaçao a cada 10 mil km, mas o motorista roda 40 mil km sem qualquer revisao", ressalta.




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