Munido de um violão, de muita inspiração e de canções que teceram e ainda tecem com louvor a história da música brasileira, o cantor Gilberto Gil preparou obra fina e elegante. A novidade que o baiano tira do bolso é o disco Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo (Biscoito Fino, R$ 29,90 em média). O disco foi gravado ao vivo, em maio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Acompanhado pelas texturas oferecidas pela orquestra Petrobras Sinfônica - regida pelos maestros Carlos Prazeres e Jaques Morelenbaum -, o compositor oferece ao ouvinte mergulho delicado por repertório que passeia por canções atuais e outras das décadas de 1960 e 1970.

Acompanhado também por Bem Gil (violão e guitarra), Gustavo di Dalva (percussão), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Nicolas Krassik (violino) e Eduardo Manso (efeitos eletrônicos), Gil revisita composições como Eu Vim da Bahia, de 1965. Em sacada de mestre, insere à canção a melodia de na Baixa do Sapateiro, assinada pelo compositor mineiro Ary Barroso.

Máquina de Ritmos, composta em 2002 e gravada apenas seis anos depois, é responsável por abrir as portas do espetáculo e o faz com glamour. Gil aproveita para ilustrar o show com algo inédito, a delicada faixa Eu Descobri. Também volta às portas da Tropicália e tira do baú Panis et Circenses, escrita em parceria com o velho amigo Caetano Veloso. A versão ganhou arranjos diferentes dos originais.

As 15 composições da nova obra são boa oportunidade para ver a força do leque musical de Gil. Da Tropicália ele passa para o universo de Luiz Gonzaga, volta ao ano de 1948 e interpreta Juazeiro sem deixar de dar seus toques à canção. Do sertão brasileiro, ele ruma como em um passe de mágica para a ilha cubana e relê o bolero Tres Palabras, de Osvaldo Farrés.