Política Titulo Sindicalismo
Governista, CUT chega
enfraquecida aos 30 anos

Após o PT comandar o País, a entidade sofre para
separar defesa a trabalhadores e apoio ao governo

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
26/08/2013 | 07:24
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Arquivo/DGABC


Fundada em 28 de agosto de 1983, no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo, durante a ditadura militar, com sindicatos sob intervenção, crise econômica com inflação de 130% e mais de 5 milhões de desempregados, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) conquistou adesão positiva, por voto, de 5.059 delegados. Quase 30 anos depois, no entanto, a organização perdeu a força de suas origens e sofre para separar a postura de defesa da classe e apoio ao governo.

Instituída como ONG (Organização Não Governamental)no passado, a proposta era de ser apartidária. Em contrapartida, a forte ligação da CUT com o PT se tornou o fator indicativo para a dubiedade em sua atuação. A entidade evoluiu no âmbito estrutural, só que não conseguiu tirar da pauta demandas históricas, como o fim do fator previdenciário e a reforma sindical. O ingresso do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência do País em 2002, apesar do suporte, não foi suficiente para concretizar essas mudanças.

Prova da queda de prestígio foi o manifesto das centrais sindicais que sucedeu os protestos sociais eclodidos no País em junho. As entidades, incluindo a CUT, planejaram ato para superar as multidões que saíram em massa às ruas. O número de participantes, por sua vez, demonstrou falta de sintonia. “Foi verdadeiro fracasso. Certo é que há declínio de todas as centrais. A CUT não se difere, até por enfrentar dissidências. Isso explica o menor grau de capacidade de mobilização”, avaliou o professor de ciências políticas da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Marco Antônio Teixeira.

A necessidade de renovação é outro ponto criticado internamente. Por outro lado, projetou-se dirigentes ao patamar de figuras políticas, a exemplo de Lula. A região contém dois prefeitos metalúrgicos: Luiz Marinho, de São Bernardo, que presidiu a CUT de 2003 a 2006, e Carlos Grana, de Santo André, que ocupou a secretaria-geral da organização. O deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT), comandou a central entre 1994 e 2000.

Marinho discorda do enfraquecimento ao considerar que hoje há diferenciação no tratamento recebido pelos representantes. “Enfim, pudemos propor política de recuperação do salário mínimo ao presidente da República. Não se decide nada no País caso o movimento sindical não esteja envolvido”, disse o petista, acrescentando que a política de valorização do salário mínimo, a redução da jornada de trabalho para 44 horas semanais e a conquista do processo democrático são três grandes legados.

Para Grana, apesar das evoluções no decorrer de três décadas, o principal desafio é participar da decisão das políticas industriais e públicas, interagindo com o poder público. O prefeito andreense sinalizou que o movimento perdeu oportunidades de aproveitar o compromisso dos governos de Lula e Dilma Rousseff (PT) em avançar com reformas. “Havia a opção por fazer a sindical. Como existia apoio, se tentou promover debate nacional. Ficou um monstro muito grande que não havia consenso.”
 




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