Setecidades Titulo Promessa antiga
Central de procura por órgãos segue no papel

Projeto, necessário para agilizar transplantes, foi protocolado há mais de um ano no Consórcio

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
27/09/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 O Grande ABC aguarda há mais de um ano posicionamento sobre a viabilidade de instalação de OPO (Organização de Procura de Órgãos), equipe multidisciplinar que se dedica exclusivamente e por 24 horas à captação de órgãos para doação.

Em maio de 2017, a presidente do Ipes (Instituto de Pesquisa em Saúde), a servidora aposentada Wilma Maria de Moraes, 59 anos, apresentou ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC projeto de instalação da central. “Acordamos que a solicitação seria enviada ao governo estadual, mas desde então não houve retorno”, lamentou. O instituto atua desde 2010 na orientação, informação e encaminhamento de pacientes que aguardam por transplante.

Em nota, o Consórcio confirmou que foi enviado em 23 de maio de 2017 ofício à CET (Central Estadual de Transplantes) solicitando análise da viabilidade para a implementação da iniciativa, mas não foi localizada resposta ao documento. Entretanto, a Secretaria do Estado da Saúde, por sua vez, informou que, até o momento, não recebeu a solicitação. Segundo a Pasta, existem dez OPOs no Estado e o Grande ABC tem como referência a equipe ligada à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

A criação de OPO no Grande ABC é fundamental para ampliar a quantidade de transplantes na região, argumentou Wilma. A aposentada explicou que as CIHDOTTs (Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante) são formadas por funcionários das próprias unidades de Saúde e, não raro, os profissionais precisam escolher entre a manutenção de potencial doador (paciente com diagnóstico de morte encefálica) e atender pessoa viva. “Claro que o atendimento ao vivo deve ser priorizado, mas isso não seria problema se existisse a OPO”, destacou.

Wilma argumentou que aguardar a equipe que vem de São Paulo representa perda estimada de 30% a 40% de órgãos que poderiam ser aproveitados. “O tempo é fundamental. A entrevista com as famílias, o convencimento pela doação, são coisas que demoram e isso tudo pode comprometer o processo”, declarou. “A fila pelo transplante é a fila da agonia”, completou. Dados do governo estadual indicam que, de janeiro a agosto, 273 moradores das sete cidades passaram pelo procedimento.

O motorista Luiz Alexandre de Oliveira, 52, há nove anos se submete a sessões de hemodiálise e aguarda pelo transplante de rim. A mulher de Oliveira, Rosa Aparecida Oliveira, 52, relatou que foram muitos os momentos de desânimo durante este período. “Ele volta triste da clínica, realmente frustrado pela demora”, declarou a companheira.

CAMPANHA

O Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos é celebrado hoje. O CHM (Centro Hospitalar Municipal) Dr. Newton da Costa Brandão, em Santo André, promove, neste mês, a campanha Setembro Verde para conscientizar sobre a importância da doação de órgãos. Além de iluminação verde, unidade conta com cartazes em seu interior.




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