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Número de mamografias na região está abaixo do ideal

Apenas 46,83% dos exames previstos para 2017 foram realizados por moradoras com idade entre 50 e 69 anos

Vanessa de Oliveira
29/04/2018 | 07:00
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Celso Luiz 2/6/15


 O número de mamografias realizadas no Grande ABC via SUS (Sistema Único de Saúde) está abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde. Menos da metade dos 170.484 exames previstos em mulheres com idade entre 50 e 69 anos foram realizados no ano passado. Levantamento do Diário mostra que apenas 79.846 moradoras das sete cidades foram submetidas ao procedimento em 2017, o que corresponde a cobertura de 46,83%, abaixo da meta de 70% estipulada pela Organização Mundial de Saúde.

Embora o cenário regional seja melhor do que o observado no Estado (cobertura de 28,7%) e no País (24,1%), corresponde a situação preocupante, alerta a SBP (Sociedade Brasileira de Mastologia) em pesquisa realizada em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia.

A mamografia preventiva é o exame mais eficiente para detecção do câncer de mama ainda não-palpável clinicamente (com menos de um centímetro), que apresenta alto índice de recuperação se for tratado adequadamente. A enfermidade é a que mais afeta as mulheres brasileiras. Em 2017, foi a causa de internação de 763 moradoras da região e matou 74 delas.

A dificuldade para agendar e realizar a mamografia é um dos principais motivos para o baixo número de exames, que soma-se à falta de estrutura encontrada nas unidades públicas de Saúde, com equipamentos quebrados e falta de técnicos qualificados para operá-los.

A operadora de caixa Lilian Andrade, de Mauá, aguardou por um ano pelo exame de mamografia na rede municipal até desistir e fazer em outra cidade. “No início do ano passado comecei a ter hemorragia e o médico pediu vários exames, inclusive a mamografia. Achei que como era pedido de urgência, seria mais rápido”, conta. “Minhas tias moram em São Bernardo e me indicaram a UBS (Unidade Básica de Saúde) de lá. Dei o endereço delas e já fiz o exame”, assume ela, que tem histórico de câncer de mama na família. “Com a demora que acontece, se for um câncer, quando conseguir fazer o exame, já esta em fase terminal”, lamenta.

Caso a mulher tenha condições de recorrer à rede privada para realizar a mamografia na região, os preços variam entre R$ 80 e R$ 170.

O diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ivo Carelli, acrescenta que, além do precário acesso à Saúde, faltam campanhas de motivação para a realização do exame. “As mulheres não são convencidas pela prefeitura, pelo governo e, a partir do momento que faz diagnóstico mais tardio, a chance de ela se submeter à quimioterapia e perder a mama é maior, assim como os gastos com o tratamento.”

O especialista ressalta ainda que mulheres acima dos 50 anos apresentam risco maior de desenvolver câncer de mama, mas 25% dos casos ocorrem na faixa entre os 40 e 50 anos. “Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mamografia seja feita a partir dos 40, anualmente”, explica.

METODOLOGIA
Os dados apresentados (mamografia e mamografia bilateral para rastreamento) foram coletados do SIS (Sistema de Informações Ambulatorial) do DataSus. Já o número de exames esperados foi calculado de acordo com o número de mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos (289.448 em toda a região, segundo a Fundação Seade) e as recomendações do Inca (Instituto Nacional do Câncer) para rastreamento bienal. Para o cálculo do número de exames esperados considerou-se 58,9% da população alvo, tendo em vista as recomendações do Inca.

Carreta itinerante beneficiou 3.713 mulheres
O programa Mulheres de Peito, do governo estadual, mantém quatro carretas itinerantes que complementam o serviço de rotina da rede básica de Saúde que oferta mamografias na rede pública e que circulam por todo o território paulista. A iniciativa tem o objetivo de divulgar e incentivar a realização de exames preventivos contra o câncer de mama, além de facilitar o acesso da população à prevenção. O veículo oferece mamografias grátis sem necessidade de pedido médico para mulheres entre 50 e 69 anos.

Em 2017, a carreta percorreu os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá, realizando 3.713 mamografias, 134 ultrassonografias de mama, seis biópsias e tendo encaminhado 39 mulheres para continuidade da assistência em serviços de referência. Por enquanto, não há previsão da vinda do equipamento novamente à região.

MUNICÍPIOS
Segundo Santo André, o SUS (Sistema Único de Saúde) é responsável por quase 30% do atendimento de exames de mamografia na cidade. A administração afirma que não há demanda reprimida para a realização do exame, sendo a espera, em média, de um mês entre a solicitação, agendamento e procedimento.

O Executivo de São Bernardo também declara não possuir fila de espera para o exame. A cidade possui um mamógrafo, instalado na Policlínica. Em Ribeirão Pires, há 1.970 pacientes aguardando a realização da mamografia, segundo a Prefeitura. Por mês, são disponibilizadas cerca de 190 vagas nas unidades de referência. A administração diz que, por meio de emenda parlamentar federal, trabalha para viabilizar serviço de mamografia dentro da própria rede.

As demais cidades não forneceram informações.




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