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A hora e a vez do Facebook

Número de usuários da região na rede equivale à população de Mauá

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
29/01/2012 | 07:00
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O estudante de Direito Felipe Koyama, 23 anos, foi baleado em agosto de 2011 no cruzamento da Avenida Lauro Gomes com a Rua Afonsina, em São Bernardo. Um dos tiros perfurou os pulmões e outro atingiu as costas. Ele passou 50 dias internado no Hospital Nossa Senhora de Lourdes, no bairro do Jabaquara, na Capital, onde fez cinco cirurgias. Precisava de doações de sangue. E campanha feita no Facebook conseguiu reunir mais de 300 pessoas em torno da causa.

Quem teve a ideia de realizar a mobilização pela rede social foram os amigos de Koyama, entre eles os estudantes José Victor Gomes de Araújo, 23, e Fernanda Cordeiro de Amorim, 21. "Criamos uma página de eventos explicando a história. Quando percebemos, tinha gente que não conhecíamos perguntando como fazer para doar", disse Araújo. "Os funcionários do hospital perguntavam se o Felipe era famoso", lembrou Fernanda.

A mobilização surpreendeu Koyama. "Essa força ajudou muito na minha recuperação, tenho certeza", afirmou ao Diário antes de se submeter à sexta cirurgia, na quarta-feira.

Histórias como a de Koyama são cada vez mais comuns nas redes sociais. A consultora em marketing estratégico digital Norma David destaca que há três motivos principais para que as pessoas compartilhem informações na web: humor, emoção e algo extraordinário. "As pessoas repassam o que vem dos amigos e familiares, por isso as redes sociais têm tanta força de mobilização."

E isso é só o começo, já que Twitter e Facebook, duas das redes mais utilizadas, estouraram há menos de cinco anos no Brasil, desbancando o Orkut. Apenas no Facebook, há mais de uma Mauá inteira cadastrada, segundo pesquisa da analista de redes sociais de São Bernardo, Amira Laila. São mais de 490 mil usuários que se declaram moradores das sete cidades, e o número aumenta a cada semana. Em todo o Brasil são mais de 30 milhões de usuários.

Conforme a pesquisa, 202,7 mil são de Santo André, 132,2 mil de São Bernardo, 44,9 mil de Diadema, 39,9 mil de São Caetano, 43 mil de Mauá, 19,8 mil de Ribeirão Pires e 4.200 em Rio Grande da Serra.

Outro caso de repercussão foi a busca desesperada da jovem Karina Fogaça pelo irmão, Renan, 22, desaparecido na Capital. O corpo do rapaz foi encontrado em Diadema depois de ter a foto compartilhada por mais de 90 mil pessoas na rede social.

Consumidor

A tendência, segundo Norma, é que o poder das redes sociais fique cada vez maior. "Antes as pessoas não tinham essa facilidade de se mobilizar em torno de uma causa. A internet ajuda a juntar forças e cobrar autoridades e instituições. É o poder de ser ouvido".

As empresas já perceberam isso e tem voltado seus serviços de atendimento ao consumidor para as redes sociais. "Há pesquisas que comprovam que as demandas on-line são resolvidas pelas empresas em até 48 horas, enquanto o serviço telefônico dem

ra, em média, de três a cinco dias."

Para brincar sobre a Luiza no Canadá, denunciar o espancamento do yorkshire em Goiás, vender produtos e serviços, combinar um churrascão de gente diferenciada ou fazer campanha política, as redes sociais chegaram para ficar. E você, já está nela?

Joel e Chokito ganham novo lar graças à internet

Quando os recém-casados Tânia Guilhens e Rafael Ferreira Gandia, ambos de 23 anos, decidiram adotar um cãozinho, não tiveram dúvidas: foram direto para as redes sociais. "Como temos pouco tempo por conta da rotina de trabalho, foi a primeira opção. Não seria possível ir até um canil ou ONG, então fizemos todo o processo pela web", explicou Tânia.

Foi na página da protetora Conceição Aparecida Vigliotti, 46, que o casal encontrou Joel e Chokito, dois irmãos vira-latas que estavam disponíveis para adoção. "Foi super tranquilo. Gostamos deles, entramos em contato com a Conceição e ela trouxe os dois para a nossa casa", afirmou Rafael.

Foi amor à primeira vista, garante a agente de vendas. Hoje Chokito vive em uma chácara com o avô de Gandia, Arilton Ferreira, e Joel, na residência do casal em São Bernardo. "Se tivesse que adotar outro cãozinho, não teria dúvidas: faria do mesmo jeito", destaca Tânia.

Enchentes em Ribeirão vão parar na web

A engenheira Maria Amélia de Araújo, 54 anos, admite que não sabe mexer direito nas redes sociais. Mas já entendeu o poder de mobilização do Facebook e, por isso, resolveu levar para lá a briga que carrega com a Prefeitura de Ribeirão Pires há 40 anos. "Quero mostrar para o mundo as enchentes no bairro Santo Bertoldo, que neste ano me deram prejuízo de R$ 30 mil."

Os pais de Maria Amélia, que viviam em Santos, compraram a casa de veraneio em Ribeirão em 1964. Por oito anos, aquele foi o local onde passaram agradáveis fins de semana e feriados. Porém, quando o progresso chegou, nas palavras de Maria Amélia, a residência se transformou no ‘piscinão' do bairro.

A família deixou de visitar a casa com medo das enchentes, mas pagou os impostos em dia. Em 1995, a mão de Maria Amélia escreveu carta para o então prefeito Valdírio Prisco pedindo ajuda. "Nada mudou e, um ano depois, resolvi abrir processo administrativo na Prefeitura, que tramita até hoje, sem solução."

Mesmo com as três mortes ocorridas ali em deslizamento de terra em janeiro de 2010, nada foi feito pela Prefeitura.

A revolta da engenheira prossegue e foi no Facebook que ela encontrou forma de protestar, postando fotos das enchentes que atingiram o Santo Bertoldo no início deste ano. "Entrei na rede social para encontrar velhos amigos e parentes, mas acabou se tornando meu meio de clamar por melhorias para o bairro onde pretendo e tenho direito de morar". A Prefeitura não informou se há investimentos previstos para o bairro.

Político precisa estar conectado para vencer eleição

Não se trata de opção. O político que quiser se eleger já nas eleições municipais deste ano deverá pensar em ampliar sua campanha também para a internet e, principalmente, para as redes sociais. A opinião é do coordenador do curso de Marketing da Universidade Metodista de São Paulo, Marcelo Cruz.

"Se o candidato consegue utilizar bem a internet, a informação que ele passa se multiplica muito mais que nas mídias tradicionais, a um custo bem mais barato", explica. Cruz enfatiza, porém, que é necessário investir para obter resultados. "Não adianta jogar a informação de qualquer jeito. É preciso identificar o público alvo do político antes e, para isso, é necessário ter equipe especializada."

Com acompanhamento adequado de especialistas em marketing digital, as campanhas serão cada vez mais competitivas nas plataformas on-line. "O que acontece é que o candidato acaba tendo diversos cabos eleitorais para fazer a sua propaganda. Cada um que compartilha a informação propaga para muita gente e isso pode ser decisivo na campanha."




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