Setecidades Titulo Mauá
Sem opção, famílias
voltam para o risco

Residências interditadas pela Defesa Civil no morro do
Macuco em janeiro do ano passado foram recuperadas

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
19/01/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


Um ano após os deslizamentos de terra que resultaram em quatro mortes no morro do Macuco, Jardim Zaíra, em Mauá, famílias voltaram a morar em casas que foram interditadas pela Defesa Civil depois das fortes chuvas que caíram em janeiro de 2011. A equipe do Diário visitou os imóveis e constatou o drama destas pessoas que, novamente, estão vivendo em áreas de risco.

Dificuldade em encontrar casas para alugar dentro de valores compatíveis com o orçamento e o não recebimento dos benefícios oferecidos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano e Prefeitura são os motivos apontados pelos moradores que retornaram às antigas residências. Os agentes da Defesa Civil, segundo eles, fazem vistas grossas à irregularidade.

“O aluguel da casa que consegui alugar aumentou e não tive mais condições de pagar, mesmo com o auxílio que recebia da CDHU. Então, voltei. É só ver uma nuvem escura no céu que já entramos em desespero”, explicou Raimunda dos Santos, 39 anos, de volta ao Macuco há cerca de dois meses.

A dona de casa afirma que comunicou à Prefeitura sobre o retorno à antiga casa e depois disso a verba que recebia da estatal foi bloqueada. “Até encontrei outra casa, com aluguel mais em conta, mas não tenho garantia de que vou receber o auxílio novamente.Com o que me pagavam, não consigo lugar nenhum para morar, porque tenho seis filhos”, reclamou.

Raimunda era atendida pelo auxílio-moradia emergencial, fruto de convênio firmado entre Prefeitura de Mauá e CDHU para amparar os moradores do Macuco prejudicados pela chuva. Inicialmente, o acordo assinado em abril atendia 701 famílias. Atualmente, 399 recebem este benefício.

De acordo com a estatal, o pagamento só é encerrado quando a família tem atendimento habitacional definitivo ou se a Prefeitura solicita o encerramento devido ao retorno ao imóvel antigo, por desistência ou autonomia financeira de quem recebe o auxílio.

Nenhuma unidade habitacional foi entregue na cidade em 2011. E os moradores afirmam ter retornado sem qualquer garantia por parte da Prefeitura de que a casa estava livre do risco.

Josué José dos Santos, 50, retornou para a área de risco depois de ficar apenas um mês longe do perigo. “No momento de emergência saímos e fomos para a casa de amigos. Mas, como não recebemos o primeiro mês de auxílio da Prefeitura, voltamos para casa, mesmo estando sem condições”, relatou.

A administração municipal informou que foram interditadas 700 moradias, entre parciais, temporárias (onde os riscos podem ser minimizados ou mitigados) e totais.

 

‘Se me oferecessem habitação segura, sairia daqui na hora’

A Prefeitura de Mauá afirma que a Defesa Civil e fiscais das secretarias de Planejamento Urbano e Habitação monitoram as áreas de risco diariamente para evitar novas ocupações e o retorno das famílias às moradias interditadas. Porém, os moradores que reocuparam os imóveis no Macuco negam a informação.

"A Defesa Civil não passa por aqui. Depois dos deslizamentos do ano passado, apareceram. Até cheguei a conversar com eles. Mas acho que já faz quase um ano que não aparecem", disse Josué José dos Santos.

O morador relatou o temor que vive diariamente na área de risco. "É lógico que a gente tem medo de morar em lugar desses. Não conseguimos dormir à noite. A tempestade que caiu ontem (terça-feira) deixou todo mundo desesperado. Só moramos aqui porque não temos condições de conseguir algo melhor. Se me oferecessem habitação segura e digna, sairia daqui na hora", disse Santos, que vive com outras sete pessoas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;