Residências interditadas pela Defesa Civil no morro do
Macuco em janeiro do ano passado foram recuperadas
Um ano após os deslizamentos de terra que resultaram em quatro mortes no morro do Macuco, Jardim Zaíra, em Mauá, famílias voltaram a morar em casas que foram interditadas pela Defesa Civil depois das fortes chuvas que caíram em janeiro de 2011. A equipe do Diário visitou os imóveis e constatou o drama destas pessoas que, novamente, estão vivendo em áreas de risco.
Dificuldade em encontrar casas para alugar dentro de valores compatíveis com o orçamento e o não recebimento dos benefícios oferecidos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano e Prefeitura são os motivos apontados pelos moradores que retornaram às antigas residências. Os agentes da Defesa Civil, segundo eles, fazem vistas grossas à irregularidade.
“O aluguel da casa que consegui alugar aumentou e não tive mais condições de pagar, mesmo com o auxílio que recebia da CDHU. Então, voltei. É só ver uma nuvem escura no céu que já entramos em desespero”, explicou Raimunda dos Santos, 39 anos, de volta ao Macuco há cerca de dois meses.
A dona de casa afirma que comunicou à Prefeitura sobre o retorno à antiga casa e depois disso a verba que recebia da estatal foi bloqueada. “Até encontrei outra casa, com aluguel mais em conta, mas não tenho garantia de que vou receber o auxílio novamente.Com o que me pagavam, não consigo lugar nenhum para morar, porque tenho seis filhos”, reclamou.
Raimunda era atendida pelo auxílio-moradia emergencial, fruto de convênio firmado entre Prefeitura de Mauá e CDHU para amparar os moradores do Macuco prejudicados pela chuva. Inicialmente, o acordo assinado em abril atendia 701 famílias. Atualmente, 399 recebem este benefício.
De acordo com a estatal, o pagamento só é encerrado quando a família tem atendimento habitacional definitivo ou se a Prefeitura solicita o encerramento devido ao retorno ao imóvel antigo, por desistência ou autonomia financeira de quem recebe o auxílio.
Nenhuma unidade habitacional foi entregue na cidade em 2011. E os moradores afirmam ter retornado sem qualquer garantia por parte da Prefeitura de que a casa estava livre do risco.
Josué José dos Santos, 50, retornou para a área de risco depois de ficar apenas um mês longe do perigo. “No momento de emergência saímos e fomos para a casa de amigos. Mas, como não recebemos o primeiro mês de auxílio da Prefeitura, voltamos para casa, mesmo estando sem condições”, relatou.
A administração municipal informou que foram interditadas 700 moradias, entre parciais, temporárias (onde os riscos podem ser minimizados ou mitigados) e totais.
‘Se me oferecessem habitação segura, sairia daqui na hora’
A Prefeitura de Mauá afirma que a Defesa Civil e fiscais das secretarias de Planejamento Urbano e Habitação monitoram as áreas de risco diariamente para evitar novas ocupações e o retorno das famílias às moradias interditadas. Porém, os moradores que reocuparam os imóveis no Macuco negam a informação.
"A Defesa Civil não passa por aqui. Depois dos deslizamentos do ano passado, apareceram. Até cheguei a conversar com eles. Mas acho que já faz quase um ano que não aparecem", disse Josué José dos Santos.
O morador relatou o temor que vive diariamente na área de risco. "É lógico que a gente tem medo de morar em lugar desses. Não conseguimos dormir à noite. A tempestade que caiu ontem (terça-feira) deixou todo mundo desesperado. Só moramos aqui porque não temos condições de conseguir algo melhor. Se me oferecessem habitação segura e digna, sairia daqui na hora", disse Santos, que vive com outras sete pessoas.
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