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ABC da Economia
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Empreendedorismo de inovação

Nos últimos anos, assiste-se a uma valorização do discurso do empreendedorismo. Este é associado à busca da inovação e flexibilização

Por Jefferson José da Conceição
27/09/2019 | 07:31
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Nos últimos anos, assiste-se a uma valorização do discurso do empreendedorismo. Este é associado à busca da inovação e flexibilização, bem como ao desejo de liberdade de ser e de autonomia, sobretudo das gerações mais jovens.

Dois tipos de empreendedorismo são frequentes: o ‘de inovação’, identificado com as incubadoras, aceleradoras e startups, que promovem novos produtos, serviços, processos e modelos de negócios; e o ‘de necessidade’, associado a pequenos empreendimentos constituídos por uma ou poucas pessoas em segmentos tradicionais da economia.

O famoso economista Joseph Schumpeter (1883-1950) mostrou a importância do empresário inovador para o desenvolvimento da sociedade. Schumpeter sustentou que a concorrência e a busca de ganhos extras fazem com que alguns empresários inovadores busquem criar inovações de produtos, serviços, processos e modelos de negócios. A inovação resulta em vantagens competitivas para o inovador, aumentando suas margens de lucro e impactando a vida da sociedade. A esta busca de inovações, pela qual se quebram paradigmas e formas de negócios tradicionais, Schumpeter deu o nome de ‘destruição criativa’. As sucessivas ondas de inovações promovem o crescimento econômico e a evolução nas áreas da ciência, inovação e tecnologia. O movimento das startups – tão bem simbolizado pelos jovens empreendedores ligados às tecnologias de comunicação e internet do Vale do Silício, na Califórnia – Estados Unidos, onde estão localizadas empresas inovadoras como Google, Apple, Facebook, entre outras –, é o que mais se aproxima do conceito de empreendedorismo de inovação.

No Brasil, ainda há a necessidade de indicadores específicos de medição em relação ao empreendedorismo de inovação. Não se tem um real retrato da situação desse tipo de empreendedorismo no País: perfil dos empreendedores, renda, setores de atuação etc. A Pesquisa de Inovação Pintec, do IBGE, cobre os setores da indústria, serviços, eletricidade e gás, mas a questão do empreendedorismo não se enquadra perfeitamente no escopo de pesquisa.

O contexto atual também é adverso para se fazer empreendedorismo de inovação no País. As universidades públicas, que produzem significativas pesquisas para o desenvolvimento e inovação, estão sob ataque, com cortes de bolsas e de fomento à pesquisa. Isso afetará negativamente o empreendedorismo de inovação no Brasil.

Já o empreendedorismo de necessidade tem crescido de modo acentuado, em virtude da alta taxa de desemprego de longa duração. Diante disso, muitos dos desempregados não têm outra saída a não ser abrir seu próprio negócio, não raro em áreas tradicionais como alimentação, beleza, costura, artesanato etc. Entretanto, a inovação de produtos, serviços, processos e modelos de negócios não tem sido, infelizmente, uma das marcas desse tipo de empreendedorismo no Brasil até o momento. Sem negar sua enorme importância econômica e social nos dias de hoje, o fato é que esse empreendedorismo, da forma como se realiza hoje, serve mais como fonte de renda e sobrevivência do que como gerador de inovações e tecnologias para o País.

De acordo com o portal do empreendedor, havia em todo o Brasil 44.188 microempreendedores individuais em 2009, ao passo que este número já era de 8.753.987 em agosto de 2019. No Grande ABC, no mesmo período, o total de microempreendedores era de 584 em 2009 e de 127.137 em agosto de 2019. Por município, os números eram: Santo André, 119 contra 35.632; São Bernardo, 154 contra 39.937; São Caetano, 56 contra 9.384; Diadema, 111 contra 18.682; Mauá, 100 contra 16.342; Ribeirão Pires, 43 contra 5.397 e Rio Grande da Serra, um contra 1.763.

Os dados sobre trabalho por conta própria no Brasil mostram que muitos desses trabalhadores são precarizados. Segundo o IBGE, em 2015, havia 21,6 milhões de trabalhadores ‘por conta própria’. Este número subiu para 23,1 milhões em 2018, e 24,1 milhões em 2019 (1 milhão a mais somente neste governo). Esta inserção no mercado de trabalho foi a que mais cresceu. Contudo, está concentrada em atividades de pouca qualificação e baixo rendimento. Levantamento da Consultoria IDados mostra que quase metade (41,7%) das pessoas por conta própria vive com menos de um salário mínimo por mês. Isso significa que existem atualmente 10,1 milhões de pessoas por conta própria com rendimento inferior a R$ 998 mensais.
 




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