O tempo médio de espera para retirar medicação na Farmácia de Alto Custo, localizada nas dependências do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, era de quatro horas ontem. A situação indignou pacientes, que precisam se deslocar de outras cidades para conseguir o recurso. A Secretaria de Saúde do Estado alegou tratar-se de problema pontual (leia mais abaixo). Os beneficiários, no entanto, garantem que o cenário se repete todos os meses.

Centenas de pessoas se acumulavam na tarde de ontem tanto na recepção quanto no pátio em frente à farmácia. Na chegada, os pacientes entravam em fila gigantesca para retirar a senha e aguardar o chamado.

A aposentada Janice Terezinha Serafim, 67 anos, moradora de São Caetano, chegou às 11h30 e saiu exatamente às 15h30. "Retiro a medicação para colesterol há três meses e é sempre assim. Somos obrigados a esperar porque não podemos comprar", contou.

Além do tempo elevado de espera, a maioria das pessoas aguardava em pé - entre elas muitos idosos - ou do lado de fora, sentados no chão. "Neste mês resolvi vir à tarde para ver se a demora diminuía, mas continua a mesma coisa. Tem 202 pessoas na minha frente, não sei a que horas vou sair daqui", comentou a dona de casa de Mauá Patrícia Rosa, 42 anos.

Já a estudante são-caetanense Laís Lira, 15 anos, comemorou por ser a última vez que retira a medicação para tratamento de acne. "Há seis meses venho aqui e preciso de muita paciência. O atendimento é bom, o problema é a questão do tempo. Muita gente sai e depois volta porque sabe que demora muito", observou. Quando Laís retirou a senha, havia 211 pessoas na sua frente.

O aposentado de Diadema Francisco de Campos, 61 anos, vai buscar medicamentos para ele e para a mulher há pelo menos um ano. "O ideal era que tivessem pelo menos três unidades como essa no Grande ABC para atender toda a demanda", analisa.

Feriado gerou acúmulo de demanda, diz Estado

A Secretaria de Saúde do Estado informou que houve aumento no número de atendimentos realizados ontem na Farmácia de Alto Custo, localizada no Hospital Mário Covas, devido ao feriado de 1º de maio.

O Estado disse ainda que a distribuição na farmácia se dá por agendamento, mas alguns pacientes não seguem as datas agendadas e muitas vezes comparecem à unidade nos primeiros dez dias do mês, período em que o fluxo é maior.

A média diária de atendimentos é de 1.500 pacientes por dia. Ontem esse número chegou a 1.900. Por mês, a unidade atende cerca de 25 mil pacientes cadastrados no SUS (Sistema Único de Saúde) que residam nas sete cidades da região e necessitem de um ou mais medicamentos da lista - são cerca de 250 itens.

Cada receita médica tem validade de três meses. Caso o tratamento seja estendido, o paciente deverá apresentar laudos e exames. A farmácia conta com cerca de 20 profissionais, que atendem de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.