Política Titulo Menos recursos
Pandemia de Covid causa impacto nas doações eleitorais

Partidos buscam alternativas para conseguir captar recursos junto aos militantes e simpatizantes; vaquinha virtual e fundo podem ser saídas

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
20/09/2020 | 07:00
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Banco de Dados


A pandemia do novo coronavírus trouxe impacto nos mais variados setores da sociedade, não apenas na saúde. Às vésperas do início do processo eleitoral, dirigentes partidários e candidatos já sentiram que a crise sanitária também adicionará dificuldade extra na captação de recursos para a campanha.

Não faltam pensamentos de alternativa diante da complicação em se pedir dinheiro para os eleitores em meio ao panorama de aumento de desemprego, redução da massa salarial e necessidade do poder público em não desamparar aqueles que viram, do dia para a noite, a fonte de sustento secar.

A equipe do Diário ouviu alguns dos principais dirigentes da região sobre como pretendem fazer para obter verba para bancar os projetos eleitorais. Um dos trunfos mais citados é o crowdfunding, uma espécie de vaquinha, que tem sido bastante utilizada por postulantes a vereador.

Ex-coordenador do PSDB no Grande ABC, presidente do diretório do partido em Mauá e integrante do diretório estadual do tucanato, Márcio Canuto admite que o partido está “quebrando a cabeça” para definir saídas para o impacto econômico causado pela pandemia. Na visão do tucano, o que já era difícil, passou a ficar ainda mais complicado. “O PSDB está analisando alternativas. Sempre fizemos aqueles almoços e jantares com intenção de arrecadar fundos de auxílio para a campanha. Mas como fazer isso durante uma pandemia? Como juntar pessoas em algum ambiente? É uma situação complicada. O PSDB ainda busca uma saída.”

No Grande ABC, o tucanato mantém seis candidaturas majoritárias, sendo quatro (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires) com busca pela reeleição. Somente em São Bernardo, por exemplo, a coligação do PSDB manterá cerca de 600 candidatos ao Legislativo.

Presidente do PT de Santo André, Antônio Padre também admitiu que o partido busca meios para atrair fundos junto aos militantes e simpatizantes. Padre, porém, revelou que a legenda aposta no crowdfunding. O candidato que escolher essa modalidade precisa habilitar a campanha de doação junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e só poderá utilizar o dinheiro arrecadado seguindo normas do tribunal.

“Há uma nova realidade na campanha este ano. As pessoas estão tendo dificuldades financeiras, que foram trazidas pela pandemia. Apesar de o PT ter estimulado a criação de crowdfunding, ainda não obtive retorno positivo de ninguém. Se antes fazíamos os jantares de apoio, desta vez vai ficar mais para churrasquinho de apoio”, disse Padre.

FUNDO ELEITORAL

Para o especialista em marketing político Kleber Carrilho, não há solução mágica e rápida para o problema. Em sua análise, o candidato que tiver nicho específico terá vantagem na captação de recurso junto ao eleitorado. “Além disso, o fundo eleitoral, que até chegou a ser criticado por alguns políticos, pode ser a boia de salvação nesta eleição”, considerou o especialista.

Já para o professor de comunicação política da Universidade Presbiteriana Mackenzie Roberto Gondo, o brasileiro nunca foi afeito à doação eleitoral, e o fundo será um dos únicos recursos financeiros a que os candidatos terão acesso. Por isso, deverá ser bem distribuído. “Há uma cultura de o brasileiro realizar doação ao político e não ao partido. Isso se intensifica nas eleições municipais, tanto no majoritário quando para os vereadores, por isso o fundo eleitoral será importante”, ponderou Gondo. 
 




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