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Alex desiste de ser candidato à Prefeitura de São Bernardo

Deputado federal diz que vai priorizar PEC, rechaça apoio ao PT e sinaliza adesão a Morando, embora declare que futuro só será divulgado nesta semana

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
16/08/2020 | 07:00
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Arquivo/Diário do Grande ABC


 Pela primeira vez em 16 anos – ou oito eleições consecutivas – o eleitor de São Bernardo não verá a figura de Alex Manente (Cidadania) nas urnas. O deputado federal anunciou com exclusividade ao Diário que estará fora da eleição municipal deste ano.

Alex alegou que a atuação para aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que impõe o cumprimento da pena após condenação em segunda instância é sua prioridade e que, diante das tratativas que precisa fazer em Brasília e pela estimativa da votação do texto coincidir com o calendário eleitoral, optou por seguir o debate na Câmara.

“Seria irresponsabilidade minha sair do Congresso para uma disputa municipal sem ter algo que o Brasil espera respostas por meio do meu projeto”, afirmou. “Obviamente tenho responsabilidade com São Bernardo, fui o deputado mais votado em 2018. Tenho analisado o que ocorreu nos últimos quatro anos, as perspectivas das candidaturas de 2016. Tudo isso pesa.”

Será a primeira eleição, desde 2004, que Alex não estará na disputa. Naquele ano, concorreu para vereador – recebeu 12.507 votos, recorde regional até hoje. Em 2006, surpreendeu ao se eleger deputado estadual – com 60.571 votos. Em 2008, candidatou-se a prefeito de São Bernardo, ficando na terceira colocação. Dois anos depois, renovou seu mandato na Assembleia Legislativa. Em 2012, novamente buscou a cadeira de prefeito, novamente sem sucesso. Concorreu pela primeira vez a deputado federal em 2014, com êxito e, em 2016, apostou alto na corrida municipal. Foi derrotado no segundo turno para Orlando Morando (PSDB), de quem foi ferrenho inimigo e que, agora, está muito próximo.

O parlamentar estimou que nesta semana define o rumo eleitoral. Deu certeza de não apoiar o PT, cujo candidato será o ex-prefeito Luiz Marinho – o mesmo Marinho, aliás, que recebeu suporte eleitoral de Alex em 2008 no segundo turno, movimento explorado por adversários até hoje. E, embora não tenha declarado, sinalizou que, após décadas de briga, a probabilidade é pedir votos para Morando – mesmo sem indicar a vice. “Quero participar da montagem do plano de governo. Eu não serei candidato, o Cidadania não terá candidato. Mas acho que meu trabalho credencia a atuar no plano de governo.”

Sobre o iminente apoio a Morando, aliás, minimizou o fato de, em 2019, ter apresentado ao então ministro da Justiça, Sergio Moro, pedido de investigações sobre denúncias envolvendo o tucano. “Fiz meu papel de parlamentar, de fiscalizar. Não há contradição. O papel de um deputado é fiscalizar, acompanhar, solicitar apuração. Serve para o Orlando como para qualquer outro prefeito.”

Alex ressaltou o momento de maturidade política, que lhe fez perceber que Morando, diferentemente do que ele imaginava, tem olhar social em sua administração. Diante disso, conforme o parlamentar, foi possível deixar para trás todos os episódios raivosos que protagonizou com o tucano e olhar para frente.

“A pandemia nos aproximou, superamos divergências pensando no bem de São Bernardo. Um enxergou no outro virtudes que não via no passado. Entrei uma defesa, sem mesmo falar com o prefeito, de um programa dos mais importantes, o cartão merenda. Não esperava do prefeito Orlando Morando esse tipo de programa social. Sempre pensei nele vendo obras. Temos 20 anos de disputas, muitas vezes acirradas, fazem parte do ímpeto de as pessoas buscarem seus espaços”, comentou.

Recentemente, Alex foi personagem principal de um embate público com o PT. Disse que o partido na cidade estava em busca de impedir o cartão merenda, algo rechaçado pelo petismo, que classificou a fala do deputado como fake news. Alex assegurou ter provas de que o diretório do partido na cidade buscou, no Ministério Público, impedir a divulgação do benefício, o que, para ele, é o mesmo de buscar barrar o projeto, e avisou que vai interpelar judicialmente Marinho, que, ao Diário, declarou “não saber por onde passou a aliança (com Morando), se foi por interesse econômico.”

“Marinho vai receber uma interpelação disso. Quero aguardar a resposta dele na Justiça sobre o interesse econômico. Quem tem interesse econômico no nosso País, provado pela Lava Jato, é o PT. Da minha parte, combaterei sempre a corrupção e a impunidade. Talvez o olhar dele seja um espelho”, disparou.




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