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Furtos de energia reduzem 43,7% no Grande ABC

Ainda que a queda seja positiva, média foi de dois casos por dia em 2019; ação traz riscos a toda rede elétrica

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
10/03/2020 | 10:01
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Celso Luiz/DGABC


As sete cidades contabilizaram 760 furtos de energia elétrica em 2019, o equivalente a dois por dia. Comparado a 2018, quando foram 1.351 casos, a redução foi de 43,7%. Mesmo que a queda seja positiva, os números ainda preocupam, uma vez que os chamados gatos significam riscos a toda rede elétrica. As informações são da Enel e foram levantados a pedido do Diário.

A companhia responsável pela distribuição de energia afirma que as ligações irregulares podem causar curtos-circuitos e sobrecarga da rede elétrica, podendo interromper o fornecimento de energia. Além disso, a ação afeta diretamente a qualidade do serviço, colocando a população em risco, sobretudo aquelas pessoas que manipulam a rede elétrica.

“A rede é dimensionada para uma determinada carga, para atender certo número de consumidores, caso o consumo aumente, pode sobrecarregá-la e acarretar em problemas como superaquecimento, danificando a isolação do condutor e podendo causar curtos-circuitos”, explica Edval Delboni, coordenador do curso de engenharia elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia. Ele explica ainda que, caso haja qualquer problema, todas as residências do circuito podem ser prejudicadas com corte de energia, por exemplo.

O especialista lembra que quando uma residência é construída, o projeto elétrico deve atender normas e ser aprovado pela Enel. “O gato pode não estar nessas normas e, ao dar um curto-circuito na rede, o disjuntor não cai e um cabo sem isolação ligado a uma geladeira pode ocasionar em uma descarga elétrica na pessoa que tocar na parte metálica do eletrodoméstico”, exemplifica.

Michele Rodrigues, professora do departamento de engenharia elétrica de FEI, destaca o perigo enquanto a ligação irregular está sendo feita. “(Furtar energia) Coloca a vida em risco porque mesmo que o choque não seja forte, ela (a pessoa) está em certa altura e mais propícia a cair”, aponta. “É necessário prezar pela conscientização para a população ter medo da rede elétrica.”

Fazer ligações irregulares é crime, com pena prevista de oito anos. Visando combater a prática, a Enel realiza inspeções de fraude em parceria com a Polícia Civil. No ano passado, dez pessoas foram detidas em flagrante na região – quatro em Diadema, quatro em São Bernardo e duas em Mauá. Inclusive, na tarde de ontem, o Diário flagrou um homem fazendo ligação irregular na favela DER, em São Bernardo.

Uma medida para coibir os furtos é a instalação de redes subterrâneas. Porém, os custos são elevados e seria opção a longo prazo. Por ora, a saída é investir em tecnologia. “No Rio de Janeiro há um estudo em andamento para medição do consumo de energia nos postes mais altos, com as informações sendo enviadas via internet, dificultando o acesso”, assinala Michele.

Em sinergia, Delboni sugere que o uso de tecnologias da indústria 4.0 pode contribuir para redução do furto. “É possível desenvolver programas com inteligência artificial para descobrir gatos e, quando o controle for maior, as pessoas terão mais receio. Até lá, o melhor jeito é educar a população”, adiciona.




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