Economia Titulo Mais uma baixa
Mangels deve tirar sede administrativa de São Bernardo

Empresa já transferiu a produção para Minas Gerais em 2013, onde possui duas fábricas

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
11/01/2020 | 05:29
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Divulgação


A empresa Mangels, especializada na produção de rodas para automóveis e cilindros para gás, pode ser a próxima baixa de São Bernardo. Isso porque a sede administrativa da unidade, que atualmente emprega 30 funcionários, deve ser transferida para a cidade de Três Corações, em Minas Gerais, onde possui duas fábricas. Caso isso aconteça, será percorrido o mesmo caminho da produção de estamparia de aço, encerrada em São Bernardo em 2013 e deslocada para a cidade mineira. A empresa abriu as portas na região em 1968 e, seis anos atrás, mantinha cerca de 380 funcionários no ano do fechamento.

São Bernardo passa por um movimento de perda de empresas, tanto que apresentou redução de 328 firmas entre 2017 e 2018, inclusive muitas tradicionais, culminando com o fechamento da Ford, uma das seis montadoras da região, em outubro de 2019.

A Mangels entrou com pedido de recuperação judicial em 2014, que foi encerrado em 2017. De acordo com dados disponibilizados pela própria companhia no site, em 2016 a empresa teve lucro de R$ 4,5 milhões, porém, em 2017 e 2018 teve um prejuízo de R$ 24,3 milhões e R$ 46,3 milhões, respectivamente.

A saída da Mangels também significa uma companhia de capital aberto a menos com sede no Grande ABC, totalizando cinco atualmente. Para Ricardo Kawai, que já publicou estudos pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), a empresa ilustra cenário de desindustrialização e mudança de vocação tanto do município como da região. “Atualmente, vemos que as indústrias estão sendo substituídas pelo setor de serviços. Ou seja, há uma mudança no perfil para uma atividade que gera menos dinheiro”, afirmou ele, ao complementar que o que poderia ser taxado na cidade, onde ainda funciona a sede, seria o lucro, porém, como a empresa não registrou isso nem em 2017 nem em 2018 (o balanço de 2019 ainda não saiu), isso não aconteceu. Além disso, Kawai explicou que o ICMS é cobrado onde há a produção, ou seja, em Minas Gerais.

O coordenador da regional de São Bernardo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Genildo Dias, o Gaúcho, afirmou que a entidade vai acompanhar a movimentação da empresa nos próximos dias. Isso porque a decisão da mudança deve ser votada pelo conselho administrativo no dia 17.

“Contatamos a empresa e eles disseram que apenas o CNPJ deve mudar de cidade. Mas é uma situação que preocupa, porque é mais uma sinalização de saída logo no início de ano. Antes mesmo da Ford nós já passávamos pelo movimento de fechamento de firmas”, afirmou ele.

Para Gaúcho, trata-se de um momento “crítico na indústria, e as autoridades nas esferas federal, estadual e municipal devem se atentar a toda essa situação”, disse.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo se manifestou em nota. “Importante frisar que o fechamento do escritório administrativo já havia sido determinado anteriormente, porém, só pode ser concluído agora devido ao processo de recuperação judicial da empresa (que durou três anos), encerrado em 2017”, informou.

O Diário também contatou a Mangels, mas a empresa não se pronunciou até o fechamento desta edição. 




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