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Choque entre trem e ônibus fere 15 pessoas
Por Camila Galvez e Renan Fonseca
10/06/2011 | 07:00
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Chuva, piso escorregadio, falta de sinalização ou imperícia - ou tudo somado - podem ter sido as causas do acidente ocorrido na manhã de ontem na ponte Felipe Camarão, em São Caetano, quando um ônibus despencou de uma altura de seis metros sobre a linha férrea e foi atingido por um trem que fazia o trajeto Luz-Rio Grande da Serra. Os 15 ocupantes do coletivo ficaram feridos: 13 passageiros, motorista e cobrador. A tragédia só não foi maior porque o condutor do trem, Ednaldo Belmiro da Silva, percebeu o ônibus à frente e conseguiu reduzir a velocidade da composição, que arrastou o coletivo por cerca de dois metros após o choque.

A possibilidade de excesso de velocidade foi descartada pela polícia após perícia no tacógrafo, que apontou que no momento do acidente o ônibus estava em torno de 40 km/h. O coletivo faz a linha 101 (bairro Prosperidade/São Paulo-Vila das Olarias). O acidente aconteceu por volta das 9h30. Entre os passageiros do trem não houve feridos.

O Corpo de Bombeiros chegou dez minutos após o choque. Alguns passageiros tentaram quebrar janelas do ônibus em tentativa desesperada de sair. Os primeiros socorros foram prestados por quem estava no trem .

O atendimento às vítimas foi feito por 65 bombeiros, 21 viaturas e 40 policiais militares, divididos em 20 veículos. A Guarda Civil deslocou seis carros e a Prefeitura, seis viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.

Vizinhos

Gritos acordaram a dona de casa Maria Madalena Rocha Ramos, 55 anos. Ela e o marido, José de Ramos, 65, tomam conta de um barzinho na esquina da Rua Felipe Camarão. "Não escutei barulho de batida, só de pessoas gritando por ajuda", disse dona Maria.

Seu José se assustou com o acidente e não esperou atrás do balcão. "Fui para debaixo da ponte para acenar para os trens que estavam passando."

A cena do acidente chocou a todos. "Fiquei horrorizado quando desci do vagão e vi as pessoas feridas. Comecei a tremer", disse o aposentado Aires Freitas Gama, 64. Ele e a filha, Angélica, se abraçaram sobre a ponte enquanto assistiam o socorro às vítimas. "Quanta gente ferida, meu Deus", exclamou. Eles iriam participar de uma audiência jurídica em Mauá. "Acompanhava minha filha e não imaginava que iria passar por isso", relatou.

O gerente de operações da CPTM, Mário Fioratti Filho, informou que as viagens de trem ficaram suspensas por 30 minutos entre as estações Utinga e São Caetano. "A locomotiva será consertada, mas vamos colocar outra para alimentar a linha e os passageiros não serão prejudicados", garantiu.

Segundo nota enviada pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, o ônibus envolvido no acidente, de propriedade da empresa Interbus Transportes, tem cinco anos de uso e foi inspecionado em fevereiro, ocasião em que não foram constatados problemas.

Cinco passageiros do ônibus seguem internados

Os 13 passageiros que se feriram no acidente entre um ônibus intermunicipal e um trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, ontem, cinco seguem internados, sem previsão de alta, embora apresentem quadro estável. Os demais tiveram ferimentos leves e foram liberados ao longo da tarde.

Do total de vítimas, 14 foram encaminhadas para o Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin, em São Caetano. Apenas a motorista do ônibus, Lilian Souza Freitas, foi para o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. Ela teve traumatismo craniano.

No Albert Sabin continuam Tiago Augusto de Paula, 24, com fratura de coluna lombar, sem compressão medular, Gabriela Peralta Belvis, 18, com trauma de costela, e Sírio Gonçalves de Souza, com traumatismo craniano leve. O quadro deles é estável e todos estão no setor de internação comum.

Carolina Pereira Guimarães, 23, foi transferida para o Maria Braido no fim da manhã de ontem. A jovem teve trauma no rim e precisou de transfusões de sangue. Ela segue na UTI. Márcia Aparecida Beraldo Vicentino, 48, foi para hospital particular no fim da tarde, com luxação de quadril.

Familiares

A equipe do Diário acompanhou o drama das famílias desde as primeiras horas da manhã de ontem. Parentes chegavam aos prantos em busca de notícias.

Uma das primeiras a chegar ao Albert Sabin foi a prima de Carolina e Gabriela, Fernanda Navarro, que é enfermeira no próprio hospital de São Caetano. "Me ligaram para vir ajudar no atendimento às vítimas, mas já estava aqui por causa das minhas primas", disse. Médicos que estavam de folga também foram chamados para ajudar.

Marina Pereira Guimarães, 27 anos, esteve no local do acidente e acompanhou a remoção da irmã Carolina. "Foi horrível. Mas ela estava consciente o tempo inteiro, então isso nos tranquilizou."

Segundo informações médicas, o trauma nos rins de Carolina, até o momento, não exige intervenção cirúrgica. "Mesmo assim ela foi transferida para o Maria Braido, onde há centro cirúrgico, caso precise do procedimento", explicou a assessora especial de Coordenação da Ação Social de São Caetano, Regina Maura Zetone.

O pai de Tiago Augusto, Cláudio de Paula, 62, também esteve no local para acompanhar o tratamento do filho. O porteiro estava muito abalado, tremia sem parar e tinha a pressão alta. "O Tiago estava indo para o trabalho, como fazia todos os dias. Meu filho ficou preso nas ferragens. Graças a Deus ele sobreviveu", agradeceu.

Conforme informações da Prefeitura de São Caetano, os familiares das vítimas foram acolhidos durante todo o dia por uma equipe de psicólogos, assistentes sociais e médicos.




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