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Engenheiro desiste após problemas com valets
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
28/05/2011 | 07:25
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Fernando Nonato/DGABC


 

Os problemas com valets foram tantos que o engenheiro civil Walter Castro, 53 anos, preferiu desistir do estacionamento que mantinha em Santo André. A experiência negativa serviu para que, agora, não aceite sequer o serviço dos manobristas quando vai a um bar ou restaurante. Ele sabe que vão deixar o carro na rua, conforme reportagem do Diário publicada na edição de ontem.

"Os manobristas conseguiram estragar o galpão. As paredes amanheciam todas raladas e danificadas. Além disso, inúmeras vezes flagramos cavalos de pau dentro do estacionamento", disse Castro. Agora, ele prefere estacionar o veículo na rua a deixar nas mãos dos valets. "Vai ficar em qualquer rua mesmo. Não adianta pagar caro, o carro sempre fica em um local onde é fácil ser roubado."

Carros amassados, riscados ou estacionados de qualquer forma na rua. Esses são alguns motivos que fazem os motoristas perder a confiança nos serviços de valet. "O problema é que eles não se preocupam com o veículo de outras pessoas", comentou a educadora Márcia Gampacci, 46.

Após flagrante feito por uma equipe de seis jornalistas do Diário, em reportagem publicada ontem que mostra o descaso e falta de responsabilidade dos manobristas, donos de bares e comércios na região do bairro Jardim disseram que vão pressionar proprietários de estacionamento pela melhoria no atendimento. Porém, se eximem de assumir qualquer avaria nos veículos.

Muitos já conhecem a tática: o manobrista sempre pisa fundo no acelerador, esquecendo princípios básicos da direção segura. "Isso não acontece apenas na Figueiras. Na Rua Elisa Flaquer os manobristas correm tanto que temos medo de ser atropelados", denunciou o advogado Guilherme Simão Santos, 39. "Vai ser difícil acabar com essa profissão."

A Polícia Militar informou que a fiscalização dos valets é feita em conjunto com a Prefeitura. O secretário de Segurança Pública e Trânsito de Santo André, Adilson de Lima, informou que regularmente são feitas operações na Rua das Figueiras. "Estamos fazendo constantemente operações na Rua das Figueiras, com órgãos da Prefeitura, apoio da polícia e do Procon, para fiscalizar e disciplinar a atuação dos valets".

Os manobristas não pagam aos bares para manter o quiosque do serviço nas calçadas. Pelo menos na Rua das Figueiras, alguns comerciantes disseram que a responsabilidade por qualquer dano aos veículos é exclusiva dos donos de valets.

‘Trabalho com humanos, que podem errar'

Dono da empresa Valet Gibeli, Ricardo Alexandre Gibeli garantiu que tem seguro que cobre qualquer dano aos veículos estacionados por seus funcionários. Ele só não apresentou a apólice de seguro, apesar de afirmar que possui.

A equipe da empresa foi uma das flagradas pela reportagem do Diário. Em vídeo feito pela equipe, os manobristas avançaram em alta velocidade com o veículo e o deixaram na rua, e não em estacionamento coberto e seguro.

As noites de sexta-feira recebem milhares de pessoas na Rua das Figueiras. Nesses dias, Gibeli reconhece que não é possível guardar todos os veículos no estacionamento. "São muitos carros e não existe vaga. O jeito é deixá-los na rua. Sei que é errado, mas me responsabilizo por qualquer problema." Gibeli afirmou que possui quatro espaços que somam mais de 200 vagas.

A equipe do Diário também notou a demora na entrega dos veículos. Conforme o empresário, a culpa, geralmente, é do trânsito. "Sexta-feira à noite na Figueiras é um caos. A gente tenta deixar os carros em estacionamentos mais próximos aos clientes, mas nem sempre é possível."

Sobre o mau jeito com que os manobristas tratam os veículos, Gibeli foi claro. "Trabalho com seres humanos, que cometem erros. É difícil ver todos ao mesmo tempo durante o expediente. Não admito qualquer irregularidade e tomo as medidas cabíveis quando flagro", garantiu.




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