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Primeiro megashow nos anos 1970
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
10/07/2011 | 07:00
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Divulgação


O Brasil nunca recebeu tantos shows internacionais quanto nos últimos anos. Mas no passado não era assim. O primeiro grande concerto foi o de Alice Cooper, em 1974, em São Paulo e Rio de Janeiro. Naquela época, o roqueiro performático estava no auge da carreira e causou alvoroço por onde passou.

Uma das apresentações no Anhembi, em Sampa, entrou para o Guinness Book por reunir o maior público em show coberto: 158 mil pessoas! Estrutura e organização eram mínimas, apesar de a segurança ter sido feita pelo Exército. Em uma das noites, a turma perto do palco começou a ser esmagada por quem estava no fundão. Resultado: a galera subiu no palco. A apresentação foi interrompida por alguns minutos até que o pessoal voltasse para seu lugar, após ameaça de Alice não cantar mais.

Em entrevistas o roqueiro sessentão, que influenciou Marilyn Manson, relembra a primeira passagem pelo País - foram quatro, no total; a última em junho deste ano. Ele confessa que não sabia que aquele era o primeiro grande show internacional aqui nem imaginava que seria tão bem recebido. "Foi histórico", diz. Fato é que ele abriu as portas para outros shows memoráveis.

 

Rock in Rio de 1985 foi marco histórico

Demorou sete anos para que o Brasil recebesse outro grande show, mas a espera valeu. Em 1981, o Queen se apresentou no Estádio do Morumbi, em Sampa. Foi outra loucura. Calcula-se que cerca de 200 mil pessoas estavam no local para ver a banda inglesa.

O marco, no entanto, fica por conta do Rock in Rio, cuja estreia foi em janeiro de 1985, com público de 1.380.000, em dez dias de apresentações. O megaevento reuniu astros gringos e nacionais. Queen, Iron Maiden, Whitesnake, Nina Hagen, Scorpions, AC/DC, Ozzy Osbourne enlouqueceram milhares de fãs; entre os brasileiros, artistas do rock e MPB, como Erasmo Carlos, Lulu Santos, Elba Ramalho, Gilberto Gil e as bandas Barão Vermelho, Blitz e Paralamas do Sucesso.

Tente imaginar a comoção gerada pelo festival, com repercussão mundial. Ficou registrado como inesquecível quando Freddie Mercury (vocalista do Queen) rege a multidão na música Love of My Life (tem no YouTube). É de arrepiar. Em janeiro de 1991, veio a segunda edição, com Guns n' Roses, Prince, Billy Idol, Judas Priest. Dez anos depois, na terceira participaram Iron, Oasis, REM, Foo Fighters, Sepultura, Red Hot Chili Peppers.

 

Mais dificuldades para bandas menores

E se os shows no Brasil dos rockstars não tinham estrutura, organização e faltavam equipamentos, imagine as dificuldades enfrentadas pelas bandas iniciantes e amadoras. Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, conta que no começo da carreira, início da década de 1980, a banda passava por vários barzinhos nos quais perguntava se podia tocar. O lugar que abria espaço ganhava show da turma com covers, principalmente dos Beatles. A aparelhagem que usava era alugada - muitos grupos nem tinham acesso a isso. E rolava cachê? Nada. "O dinheiro era o de menos."

Quando conseguiam agendar show, faziam grafitagem nos muros da vizinhança para divulgar a banda. O que os caras queriam de verdade era fazer música e tocar por prazer. E, apesar de no início a encararem como hobby, Roger e os amigos sempre levaram a arte muito a sério. "A gente achava que precisava ter dedicação. Tinha de fazer direito", afirma. Na época, além de botecos, as bandas independentes se apresentavam em pequenos teatros e clubes, o que é raro hoje.




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