Memória Titulo História
O barro paulista reunido no Museu de Arte Sacra

O MAS é o mais importante museu de São Paulo porque a história cultural da Capitania está guardada aqui dentro

Por Ademir Medici
10/05/2015 | 07:00
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“Certo que a beleza da arte fascina. Também é correto entender que ela nos remete a um passado tão próximo do qual nós somos herdeiros e corresponsáveis em transmiti-lo. Ao transmiti-lo, crescemos em ‘consciência histórica’ e compreendemos em profundidade nossas raízes culturais”.

Cf. José Roberto Marcellino dos Santos, presidente do Conselho de Administração da Associação Museu de Arte Sacra de São Paulo, na apresentação da exposição ‘Barro Paulista’.

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Imaginem percorrer o Museu de Arte Sacra, no coração de São Paulo, numa tarde de dia comum da semana em que o espaço está vazio, não aberto à visitação pública. E fazer essa peregrinação na companhia de um curador do porte do professor Dalton Sala, o mesmo que Memória apresentou dentro do projeto de identificação das casas bandeiristas de São Paulo e arredores.

Pois foi esta experiência que Memória vivenciou ao conhecer a exposição “Barro Paulista: a tradição bandeirante do imaginário em barro cozido”, que pode e deve ser vista por todos – e é tão fácil chegar ao MAS, inclusive de metrô.

Com toda paciência, Dalton nos foi mostrando cada imagem, cada oratório, com algumas explicações iniciais, devidamente gravadas como aulas para quem quer aprender, conhecer a nossa riqueza maior.

Disse o professor Dalton Sala:

O MAS é o mais importante museu de São Paulo porque a história cultural da Capitania está guardada aqui dentro.

Essas imagens são preciosas. Muito antigas. (apontando uma imagem do santo São Paulo)... essa, por exemplo, eu acho que subiu a serra com Anchieta. Foi a primeira imagem do Colégio de São Paulo, datada do século 16.

Nesta exposição a gente identificou a primeira produção da Capitania de São Vicente. Imagens feitas, provavelmente, por franciscanos. E pela primeira vez reunimos esse conjunto, as primeiras imagens feitas no Brasil. O Brasil começa em São Vicente e essas imagens são pouco conhecidas.

Identificamos imagens por ordem de chegada das ordens religiosas. Primeiro, os franciscanos, depois os jesuítas, depois os beneditinos. Eles se instalaram nas fazendas, juntos às igrejas, nas cidades. E das antigas olarias do interior irão sair essas imagens.

As imagens não podem ser vistas como uma produção artística. Elas são produtos de artesãos anônimos. Um trabalho coletivo, executado ao longo de três séculos.

SANTOS DO DIA

À medida que percorríamos a exposição, gravando a fala do professor Dalton Sala, fotografando as peças expostas, íamos pensando na seção aqui da página que fala dos santos do dia. A seção nasceu ao acaso, alguns anos atrás, para preencher um espaço vazio da memória cotidiana. Quando tentamos parar, ouvimos o grito do dia: “por que não saiu o santo hoje?”.

Chegamos a gravar com um velho professor um depoimento comovente: “Ao ler a Memória, ao chegar aos santos do dia, faço a leitura ajoelhado”.

Essas passagens vieram à nossa mente naquele passeio pelo Museu de Arte Sacra. Lembramos de outra série que ilustrou Memória ao longo de um ano, com fotos do mesmo acervo. Mas agora tínhamos o depoimento entusiasmado de um especialista. Por isso, paramos por aqui.

Temos o riquíssimo catálogo que perpetua a exposição do ‘Barro Paulista’. Temos as fotos que tiramos durante o passeio. Em especial, temos a fala gravada do próprio curador, repetimos, verdadeiras aulas da história paulista. Portanto, a partir de amanhã, a seção “Santos do Dia” será ilustrada com aquelas imagens vistas em São Paulo e com as conversas de Dalton Sala. O que não significa que vocês não devam prestigiar a mostra pessoalmente. Ela é imperdível. E não é única. São várias mostras à disposição do público, a um preço de entrada quase simbólico.

 

BARRO PAULISTA

Museu de Arte Sacra de São Paulo

Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, Capital

Telefone: 3326-3336

Quarta a sexta 9h às 17h

Sáb. e Dom. 10h às 18h

Segundas e terças fechado

 

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Santos do dia

Na estampa, São Damião de Molokai (Bélgica 1840 – Havaí, 1889). Bem aventurado. Religioso da Ordem dos Padres do Sagrado Coração. Atuou como missionário no Havaí para onde se mudou aos 21 anos. Mudou-se para o Havaí aos 21 anos, prestando assistência religiosa e social à população. Na ilha de Molokai, atuava junto aos leprosos, doença que o levou à morte.

Blanda

Nazário

João d’Ávila




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