Setecidades Titulo Menor infrator
Fundação Casa tem
2 agentes por prédio

A entidade promete reduzir o deficit de funcionários e
contrata mais um diretor para unidade de S.Bernardo

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
03/10/2012 | 07:00
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Com dois prédios, cerca de 130 adolescentes internados e apenas quatro agentes por turno, as unidades de São Bernardo da Fundação Casa (antiga Febem) sofrem com falta de funcionários. O problema, apontado pelo Sintraemfa (Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e à Família do Estado de São Paulo), aumenta os riscos de rebeliões. No sábado, grupo de adolescentes agrediu dois funcionários.

Em média, há um agente de apoio socioeducativo, responsável pelo bem-estar do menor na unidade, para quase 33 adolescentes. O trabalho está insustentável, avalia o presidente do sindicato, Júlio Alves. "Nas duas unidades de São Bernardo, o ideal era que tivéssemos dez agentes, e não quatro. Além disso, no quadro geral de funcionários o deficit é de cerca de 30%."

Em nota, a Fundação Casa diz que se mobiliza para suprir todas as necessidades e demandas dos trabalhadores. Em reunião realizada na manhã de ontem com a liderança sindical, foi contratada diretora para o prédio dois da unidade. O antigo responsável pelos dois prédios cuidará agora apenas da primeira edificação.

A dirigente pediu uma semana de prazo para conhecer a equipe, mas já prometeu diminuir o deficit de funcionários para um trabalhador responsável por até oito adolescentes. Por isso, a ameaça de greve por parte do Sintraemfa está temporariamente suspensa.

As reivindicações da categoria serão levadas à Divisão Regional, que cuida das unidades para serem avaliadas e, se for o caso, tomadas as devidas providências. "É importante o compromisso da instituição. Os trabalhadores se comprometeram a fazer todos os esforços", apontou Alves.

O otimismo não é compartilhado pelos não sindicalizados. "Vai continuar a mesma coisa, eles (jovens) ameaçando a gente com facas feitas aqui mesmo. E o que vamos fazer?", disse um funcionário da unidade há mais de 20 anos. "O interesse em fazer greve existe. E vamos organizar isso por conta própria."

Desde julho a unidade de São Bernardo passou por três rebeliões e duas tentativas de motins. Coordenador do Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) da Fundação Criança, André Alcântara vê o cenário como normal diante da superlotação. "É tudo uma consequência do estouro da capacidade", disse.
"Com poucos agentes, o trabalho aumenta. E eles perdem o controle ao lidar com as situações de emergência", destacou.

Cedeca vê queda nas reclamações de maus-tratos 

O coordenador do Cedeca afirma que, em recentes visitas feitas nas duas unidades de São Bernardo da Fundação Casa, houve queda nas reclamações de maus-tratos contra os internos. "A administração foi efetiva no sentido de reverter o quadro existente", disse André Alcântara.

"Os adolescentes sempre dizem que os machucamos, mas nunca coloquei a mão em nenhum deles", disse o funcionário. "Os psicólogos prometem aos menores que eles sairão no fim do ano. Quem decide isso é juiz, promotor. E sobra para a gente", reclamou.

"Mesmo com a queda, não abaixaremos a guarda. Não podemos cair no erro de repetir o esquema penitenciário. O objetivo é totalmente distinto. A pedagogia usada no local ainda é a da agressão e da violência", garantiu Alcântara.




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