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Mais saúde e menos rugas na velhice
Por Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
31/07/2005 | 07:51
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Não é de hoje que a indústria de cosméticos gasta milhões em pesquisas na tentativa de descobrir uma fórmula que interrompa o envelhecimento da pele e do corpo. Cirurgiões plásticos, com mais recursos à mão, conseguem minimizar os sinais do tempo, mas são categóricos ao afirmar que o bisturi jamais transformará uma face de 60 em uma de 20. A verdade é uma só. O tempo, desde que o mundo é mundo, é implacável. E a não ser que ocorra uma revolução sem precedentes na história da humanidade, o ciclo de vida deve permanecer idêntico pelos próximos séculos.

No entanto, é fato que a população que caminha hoje para o envelhecimento tenha mais saúde e menos rugas quando tiver 70 anos. E tudo isso sem que seja necessário recorrer a cirurgias. São as mudanças culturais ocorridas nos últimos anos em âmbito global que vão retardar o envelhecimento ao mesmo tempo que devem prolongar a vida. A geração que tem hoje 40, 50 anos terá uma velhice diferente do atual estereótipo, ao contrário de seus pais e avós. Em pouco tempo, o termo idoso será coisa do passado.

A exposição de corpos esculturais nos meios de comunicação em massa, principalmente a partir dos anos 80, provocou mudanças culturais ruins - a neurose em se atingir o padrão de beleza -, mas também produziu fatores positivos.

"As pessoas passaram a tomar certos cuidados com a alimentação e a praticar atividade física, mas não é só isso. A expectativa de vida aumentou desde o início do século por conta dos avanços na medicina, mas ninguém quer chegar aos 80 com limitações, como tem ocorrido com muitos idosos hoje. Existe a necessidade em envelhecer com qualidade de vida. Se aquele que tem 80 anos não preveniu doenças que causam essas limitações, quem está envelhecendo hoje não quer sofrer dos mesmos males", conta Ana Paula Guarnieri, professora do curso de Enfermagem da disciplina Saúde do Idoso da Faculdade de Medicina do ABC e coordenadora do Ambulatório de Geriatria da unidade de saúde do bairro Capuava, em Santo André.

A pensionista Crélia Strazza, de Diadema, é um retrato dessa mudança de padrões. Aos 59 anos, ela diz ter uma vida bem diferente da que teve a mãe. Além de ter trabalhado até bem pouco tempo, caminha e faz ginástica, cuida da alimentação e diz ocupar o máximo de seu tempo com atividades que lhe dão prazer. "Antigamente, as pessoas só ficavam sabendo que tinham uma doença quando já estavam debilitadas. Hoje, é possível prevenir. É o que faço. Sofro de pressão alta, mas a controlo com medicação e alimentação saudável."

Além de cuidados com a alimentação, a boa saúde também depende de evitar a depressão. A corretora de seguros Maria Eliana da Silva Cruz, 52 anos, de Santo André, diz que sempre teve hábitos saudáveis, praticava ginástica e há três anos e meio faz dança de salão, atividade que pratica com o marido. "Me exercito e melhoro o meu humor. Tem ainda a sociabilização com o grupo, o que considero importante."

A coordenadora da Unati (Universidade Aberta da Terceira Idade) da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), professora Maria Cândida Soares Del-Masso, afirma que hoje as pessoas estão encarando o envelhecimento de outra forma. "Na minha infância, uma pessoa com 50 anos era considerada velha. Nós a víamos como improdutiva. Mas quem envelhece hoje tem uma vida ativa e condições de envelhecer com qualidade."

Maria Cândida, que há dez anos estruturou a Unati, conta que até o perfil de quem procura hoje o serviço é diferente. "Temos até certa dificuldade em inserir determinados assuntos no grupo. Se promovemos palestras sobre Mal de Alzheimer (doença degenerativa, comum na velhice), por exemplo, é baixa a procura. As pessoas não pensam mais na velhice como uma coisa ruim. O grupo quer expandir conhecimentos, quer se atualizar porque não está fora dos grupos sociais."




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