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Fome Zero não sai do papel no ABC
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
07/06/2003 | 19:08
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Lançado há cinco meses pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o programa Fome Zero ainda não saiu do papel no Grande ABC. A região tem pelo menos 77 programas sociais que bem poderiam integrar o leque de ações previsto pelo programa federal de segurança alimentar – o Banco de Alimentos de Santo André, por exemplo, servirá como modelo a ser disseminado em todas as cidades do país com mais de 200 mil habitantes. Falta, entretanto, criar os Conseas (Conselhos de Segurança Alimentar) municipais que poderiam integrar essas ações e colocar os municípios em linha com o projeto do governo.

Além de assessoria técnica, a criação do Consea garantirá o acesso a financiamento para programas de segurança alimentar, como lembra a responsável pela coordenação do projeto Fome Zero em Santo André, Sônia Sayuri Kanegae. Há um contraste: a cidade que tem infra-estrutura modelo de assistência adiou a formalização do Consea. “Na verdade, a gente não se preocupou muito com isso até hoje. Começamos a considerar as linhas de crédito agora e vamos apressar a instalação do Consea, porque na hora que soltarem as regras desses projetos, nós estaremos lá também.”

O presidente nacional do Consea (Conselho de Segurança Alimentar), Luiz Marinho, cobra uma ação mais eficaz dos prefeitos. “Está na hora de encaminhar os projetos para as Câmaras, chamar a sociedade para discutir e participar. Me parece que o processo ainda está meio cru.” Para Marinho, a criação dos Conseas municipais é um “elo importantíssimo” para consolidação do programa social nas cidades da região.

O prefeito de Diadema e presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, José de Filippi Júnior (PT), afirmou que, apesar do atraso, “existe uma manifestação muito clara de que todos querem abraçar o projeto”. Ele acredita que o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, não vai deixar a falha passar em branco durante seu encontro com os prefeitos nesta segunda-feira. “Isso (a criação dos Conseas municipais) deverá ser uma das cobranças do José Dirceu.”

O coordenador da macrorregião ABC do PT e vereador em São Caetano, Hamilton Lacerda, afirmou que, embora tenha feito a indicação do projeto desde o início do ano, não houve resposta da Prefeitura. Para ele, o assunto não é uma prioridade do município administrado pelo prefeito Luiz Olinto Tortorello (sem partido).

A reclamação é a mesma em São Bernardo, administrado pelo prefeito William Dib (PSB). O líder do PT na Câmara, Tião Mateus, afirma que vai apresentar o projeto apenas na próxima semana, após uma ampla negociação com a bancada governista. É a única cidade da região em que a iniciativa partirá da Câmara. “Estamos atrasados em relação a outras regiões, como Campinas, Ribeirão Preto e até a zona Leste de São Paulo.”

Se ouvirem cobranças, os prefeitos nem poderão jogar a culpa na oposição, porque nas prefeituras petistas que têm maioria entre os vereadores não há sequer projeto a ser apresentado. É o que acontece em Santo André, Mauá e Ribeirão Pires.

“Pelo que representa no cenário político e econômico, a região tem obrigação de trabalhar essa solidariedade com mais rapidez, porque temos graves problemas de desigualdade no Grande ABC também”, disse o vereador José Antônio, de Diadema – que aprovou o Consea, mas que ainda não deu posse aos conselheiros. Ele é militante das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), que há dois anos coordenam um Fome Zero informal na região inicialmente sob comando de dom Décio Pereira, morto em fevereiro. Além de Diadema, apenas Rio Grande da Serra aprovou a implementação do Consea municipal, há cerca de 15 dias. Lá o vereador petista Geraldo Elídio Gouveia afirma que o prefeito Ramon Velasquez (PT) ainda não definiu os conselheiros.




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