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Número de desocupados no Brasil chega a nível recorde

São 14,76 milhões de trabalhadores, pior resultado da série história, iniciada em 2012

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
01/07/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/ DGABC


Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que há 14,76 milhões de trabalhadores desocupados no Brasil, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 14,7% da força de trabalho. O resultado é o recorde da série histórica, iniciada em 2012, e corresponde ao trimestre entre fevereiro e abril. Apesar de não dispor de números por cidade, análise de resultados indica que o Grande ABC também sofra com o problema.

Desocupados, segundo o IBGE, são pessoas que estão sem trabalho na semana de referência da coleta de dados e que procuraram emprego nos 30 dias anteriores. Ou as que estão perto de conseguir a recolocação no mercado. 

Até abril, a região não havia conseguido repor os postos de trabalho formais perdidos no ano de 2020, diferentemente do observado no plano nacional e estadual. 

Segundo o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, mais de 84% das 29.549 empresas criadas em 2021 na região, são individuais, o que indica que as pessoas que perderam postos de trabalho buscam outras alternativas, o chamado “empreendedorismo de necessidade”. 

De acordo com o economista a decisão de empreender não pode ser “interpretada como um indicador de melhora do nível de atividade econômica ou do ambiente de negócios e da estrutura produtiva da economia”. 

Para o especialista, há fatores que vão dificultar ainda mais a recuperação da atividade econômica. O que também é um impeditivo à criação de empregos. “A curto prazo, as elevadas taxas de transmissão da Covid-19, a deficiência na oferta de energia elétrica e o aumento da conta de luz, bem como dos combustíveis. A médio prazo, a baixa taxa de investimento tenderá a se refletir negativamente sobre o potencial de crescimento da economia. E a longo prazo, a economia nacional corre sérios riscos de sofrer um apagão de mão de obra, em especial com média e alta qualificação”, disse Maskio.

DADOS NACIONAIS

A PNAD também mostra que a população desocupada (14,8 milhões de pessoas) cresceu 3,4% (mais 489 mil pessoas desocupadas) em relação ao trimestre de novembro de 2020 a janeiro de 2021. O crescimento chegou a 15,2% (mais 1,9 milhão de pessoas) quando a comparação é feita com o mesmo trimestre móvel do ano anterior (12,8 milhões de pessoas).

Já a população ocupada (85,9 milhões de pessoas) ficou estável em relação ao trimestre anterior e caiu 3,7% (menos 3,3 milhões de pessoas) em relação ao mesmo período de 2020.

Para Maskio, os resultados demonstram “a fragilidade na qual se encontra o mercado de trabalho no Brasil, apesar de o Ministério da Economia apontar a geração de mais de 1 milhão de postos formais de trabalho entre os meses de janeiro e abril de 2021”. 

O especialista também apontou o impacto nos indicadores de empreendedorismo por necessidade. No Brasil, de acordo com o portal mapa de empresas do governo federal, em 2021 foram abertas 1,73 milhão de empresas, sendo 1,392 milhão de individuais (cerca de 80% do total). “O que não pode ser interpretado como resultado de um impulso empreendedor”, ilustrou o economista.




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