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Micros investem em suco de polpa
Por Clarissa Cavalcanti
Do Diário do Grande ABC
28/08/2005 | 08:40
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Microempresas criadas como alternativa ao desemprego, algumas das quais em operação na casa dos proprietários, são responsáveis pela produção de suco de polpa congelado ou pronto no Grande ABC. A região tem pelo menos sete fabricantes, segundo levantamento feito nas prefeituras da região, Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) e os próprios empreendedores. A maioria das fábricas executa planos de expansão. Os empresários investem em máquinas para acompanhar o crescimento do setor.

A Zeni Polpa de Frutas, microempresa de Mauá, entrou no mercado há dez anos e capitaliza os ganhos. A pequena fábrica é administrada pelo ex-metalúrgico Carlito Cardoso dos Santos e a família, que aos poucos fizeram o negócio crescer. Ele conta que fabricava cerca de 50 quilos de polpa de fruta por dia e hoje a produção já passa de 300 quilos, com pico de 450 quilos no verão. O faturamento cresce cerca de 15% ao ano com as vendas de mais de 30 sabores de polpa, que custam, em média, R$ 3,50 o quilo.

Os bons resultados são decorrência do investimento em novos equipamentos. Santos comprou há dois meses, por R$ 11 mil, uma câmara fria (para armazenar a polpa congelada) com capacidade para estocar 700 quilos de suco. No ano passado, o empresário adquiriu, por R$ 12 mil, uma embaladeira (máquina que ensaca o produto e imprime a data de validade) para agilizar o serviço, que era feito manualmente.

Os investimentos têm como objetivo ampliar o número de clientes. O empreendedor fornece o produto para mais de 350 empresas, entre lanchonetes, hotéis, restaurantes e academias do Grande ABC, Suzano, São Paulo e Mogi das Cruzes. Para impulsionar a produção, Santos cogita a contratação de funcionários para se juntarem aos dois empregados da microempresa. "Vou poder aumentar a produção e atender mais gente. Este é um mercado que cresce muito porque as pessoas querem mais produtos naturais", frisou Santos.

Em Diadema, a Frut Frut é outra microempresa da região que fabrica polpa de frutas e investe em máquinas para crescer. Neste mês, a fábrica ganhou uma embaladeira, que custou R$ 4 mil. Haroldo Rodrigues Ferreira, que administra a empresa com o cunhado, diz que o próximo passo para expandir o negócio é adquirir galpão próprio porque a fábrica está em ponto alugado por R$ 1,2 mil mensais.

A empresa começou a funcionar há dez anos, quando o metalúrgico Ferreira ficou desempregado. Ele decidiu investir no mercado de polpa de suco congelado para sobreviver. O negócio cresceu rápido e a produção que não passava de 80 quilos por dia hoje é dez vezes maior. O faturamento cresce ao ritmo de 25% ao ano, segundo o empresário. O resultado está expresso no número de clientes, que dobrou nos últimos cinco anos - 400 estabelecimentos espalhados pela região, São Paulo, Baixada Santista e Osasco.

A Fruto Flora's, de Santo André, segue o mesmo caminho. A microempresa, de propriedade das irmãs Elisa e Cecília Meei Lin Tung, funciona há oito anos e já fabrica 27 sabores de suco de polpa congelada. A empresa atende cerca de 600 clientes do Grande ABC e de São Paulo, com produção de cerca de 3 toneladas de suco por mês. "A empresa tem crescido bastante. Dobramos a capacidade produtiva nos últimos anos, e já temos planos de expansão, com compra de novas máquinas", comemora Elisa.

São Caetano é sede da pequena empresa Orsati, fabricante de suco concentrado que trabalha no ramo há 20 anos. O proprietário, Antonio Carlos Orsati, no entanto, vai encerrar as atividades neste ano. Não porque os negócios estão em baixa, e sim porque o microempresário pretende se aposentar.

Em casa - Alguns microempresários produzem o suco de polpa na própria casa, como José Guilhermino Filho, que comanda a Fruta Flor. A fábrica caseira, de Mauá, produz 30 tipos diferentes de sucos que são vendidos em saquinhos de 100 gramas. Guilhermino vende cerca de 700 quilos por semana para 50 clientes da região, São Paulo e Atibaia, além de feiras.

O lucro da Fruta Flor ainda é modesto, mas Guilhermino pretende dobrar os rendimentos, e já projeta adquirir um imóvel para montar a fábrica, além de investir em novos equipamentos, como uma câmara fria. "Comecei do zero e hoje já cresci cerca de 20% em relação a 2004."

Na casa de Francisco Wilson de Araújo, em Mauá, também funciona uma pequena fábrica de suco de polpa congelada, que é administrada por ele, a esposa e os dois filhos. A empresa produz cerca de 24 sabores e atende por volta de 20 clientes do Grande ABC. A produção diminuiu desde abril porque Araújo voltou a trabalhar como torneiro mecânico, e divide o tempo entre a microempresa e o novo emprego. "Nossa intenção é expandir os negócios, mas é difícil porque nossa produção ainda é artesanal e não temos capital de giro, mas dá para sustentar a família."



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