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Alta externa impulsiona Ibovespa, enquanto investidor avalia balanço e atividade
05/05/2020 | 11:08
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Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil


A terça-feira, 5, é de ganho do Ibovespa, influenciado pela calmaria externa, onde várias economias estão retomando paulatinamente suas atividades. E esse ambiente favorece as bolsas europeias e as de Nova York, que sobem mais de 1,00%. Diante da expectativa do fim do isolamento social gradual em vários países, o petróleo salta quase 17% no mercado norte-americano e perto de 11% no londrino. Com isso, as ações da Petrobras podem se beneficiar, impulsionadas ainda pelos sinais de planos de desinvestimento da estatal. Os papéis da empresa avançavam mais de 5%.

"Isso retomada das economias pode aumentar a demanda por petróleo no mundo e dá força para o Ibovespa, mas ainda permanece o mal-estar dos EUA com a China responsabilizaram o país asiático de disseminar o novo coronavírus", descreve o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.

Às 10h50, o Ibovespa subia 2,26%, aos 80.658,40 pontos, na máxima.

Após ceder 2,02% ontem, aos 78.876,22 pontos, Bandeira diz que a meta agora para a Bolsa é ultrapassar a faixa dos 80 mil e buscar uma pontuação definitiva entre 83 mil e 85 mil pontos.

A valorização na B3 pode ser ofuscada durante o dia, observa o diretor da CM Capital Markets, Fernando Barroso, por causa dos números da economia real, que têm mostrado dados econômicos fracos e desempenho também sem robustez das empresas. "Estão vindo ruins por causa da covid-19 e podem piorar daqui a alguns meses, reforçando a leitura de um PIB negativo de recuo de 7% ou até mais", afirma.

Hoje, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou a produção industrial de março, que caiu 9,1% em março relação a fevereiro, e cedendo 3,8% ante o terceiro mês de 2019. Os resultados vieram piores que as medianas de -3,34% e de -0,70%, respectivamente, das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast.

Já o lucro do Itaú Unibanco, divulgado ontem à noite, caiu 43,1% no primeiro trimestre, para R$ 3,912 bilhões, em relação a igual período de 2019. O custo com crédito da instituição quase dobrou em razão da pandemia. Conforme o banco, a provisão para perda potencial foi elevada em R$ 9,6 bilhões no primeiro trimestre. O dado é mais um a mostrar as influências negativas da doença sobre o desempenho do setor privado.

Outro fator considerado limitador para a B3 continua sendo o político, à medida que a instabilidade entre os Três Poderes persiste e fica ainda a expectativa se o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai ou não liberar a divulgação da íntegra do depoimento de mais de oito horas que o ex-juiz Sergio Moro prestou na Superintendência da Polícia Federal, no sábado. O pedido foi assinado pelo advogado Rodrigo Sanchez Rios, defensor de Moro no inquérito que apura as acusações do ex-juiz da Lava Jato de 'interferências políticas' do presidente Jair Bolsonaro no comando da Polícia Federal.

"Uma crise política era tudo o que o País não precisava. É decepcionante", diz o diretor da CM Capital, lembrando ainda que o investidor ainda espera a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), amanhã, que deve cortar a Selic em meio ponto porcentual.

Conforme Barroso, apesar de um declínio ser considerado positivo para a renda variável, em termos de sinalização, na economia real o efeito tende a ser mínimo. "É um bom sinal mas ainda existem as imperfeições do sistema, o impacto tende a ser tênue. Antes mesmo da crise, as empresas já estavam endividadas, o Brasil tinha milhões desempregados, e uma queda do juro não deve gerar propensão a consumo nem a uma produção maior", avalia.




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