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Lição de casa
favorece rotina de
estudo das crianças

São Caetano aumenta volume de atividades extraclasse para melhorar ensino

Por Natália Fernandjes
03/06/2013 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Pauta de conflitos entre pais e professores e, na maioria das vezes, malvista pelos alunos, a lição de casa é instrumento pedagógico importante e que favorece a rotina de estudo. O sucesso da atividade extraclasse, no entanto, depende de combinação de esforços entre escola e família. Cabe aos gestores planejarem o objetivo da tarefa complementar e, à família, estimular os estudos.

Foi com essa visão que a Secretaria de Educação de São Caetano anunciou o projeto Escola de Pais, no qual cobra a participação da família na vida escolar dos alunos e promete aumentar o rigor na educação dos cerca de 20 mil alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. A meta é melhorar a qualidade do aprendizado e, entre as propostas, está a ampliação do volume de lição de casa e elevação do nível de cobrança nas provas de forma gradativa, de acordo com a idade.

Para o secretário de Educação, Daniel Contro, o ideal é que as tarefas em casa demandem duas horas para serem concluídas já a partir do Ensino Fundamental – até então, as escolas da cidade mantinham o padrão de meia hora. Além da execução das atividades, é indicado que o aluno utilize esse tempo também para leituras e revisão das matérias passadas em sala de aula, segundo ele. “A tarefa é o treino do atleta. Não o treino da decoreba, mas é próprio do cérebro refinar qualquer atividade que fazemos muitas vezes. Nós funcionamos assim”, explica.

Na visão de Contro, as escolas municipais e estaduais ainda oferecem ensino fraco e com pouca tarefa. “A boa escola é exigente e com disciplina. Nosso desafio é dar condições para que nossas crianças ingressem em universidades públicas”, destaca. Neste contexto, o educador chama atenção dos pais para que apoiem os filhos a estudar.

“Muitos estudos atestam que a família é poderosa aliada do rendimento escolar e pode representar ganhos de 20% a 30% no aprendizado do estudante.”

Os pais recebem a novidade satisfeitos. “Forçando a qualidade agora teremos benefícios lá na frente”, avalia o contador Wagner Roberto Mazetto, 44 anos, pai de dois alunos da rede municipal, um no Ensino Fundamental e um no Ensino Médio. Para ele, outro ponto fundamental é a disciplina. “Hoje em dia os pais trabalham fora e acabam deixando a educação por conta da escola, o que é errado.”.

A funcionária pública Miriã Martins, 40, também acredita que as mudanças trarão reflexos positivos e tranquilidade futura. “Cobrar é o papel da escola e nós, pais, temos de estimular em casa”, diz a mãe de dois jovens da rede de ensino municipal de São Caetano.

Enquanto isso, as crianças já temem pelo tempo a mais dedicado aos livros. “A gente fica um pouco mais cansado”, reclama o estudante do 6º ano do Ensino Fundamental Gian Neves Mazetto, 10. Apesar do receio, o jovem é dedicado e usa as horas livres em casa para ler, fazer resumos das matérias e exercitar os cálculos. “Divido a lição em duas partes. Faço um pouco à noite e um pouco de manhã. Demora cerca de uma hora e meia”, relata o aluno da EME Alcina Dantas Feijão.

Tarefas precisam ser planejadas

O objetivo da tarefa de casa é algo que gestores da Educação devem pensar de acordo com o projeto político-pedagógico de cada escola. De acordo com a professora do curso de Pedagogia da Anhanguera São Caetano Maria da Penha Tessarini Rodrigues, a ideia não é apenas preencher o tempo com atividades e sim ajudar o estudante a criar rotina de aprendizado fora da escola.

“A lição de casa também é oportunidade de avaliar a criança. Na devolutiva do material são mostradas as dificuldades do aluno”, observa Maria da Penha. Segundo a educadora, os jovens costumam estudar em sala de aula e aprender em casa. “Cabe aos pais motivar os filhos nesta busca por informação. Além do treino, os estudantes devem usar esse período para ler”, comenta.

A supervisora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental do Colégio Singular, Andréa de Almeida, destaca que ensino puxado não significa massacrante. “Estimulamos a lição com qualidade e a rotina de estudo diário para que o aluno não estude apenas na véspera das provas”, salienta.

Para a educadora, os pais têm tarefa importante nesse processo. Cabe a eles o papel de dar exemplo e estimular as crianças. “Os pais, mesmo que trabalhem, devem acompanhar o filho em casa sem forçá-lo a ler, para não causar efeito contrário”, explica. Segundo ela, os adultos não precisam sonegar informação aos pequenos quando perguntados e também não podem fazer a tarefa pelos filhos.




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