Pró-reitor de Graduação da USCS defende incentivo governamental para que estudantes optem por áreas acadêmicas no vestibular
De olho nos possíveis problemas decorrentes da falta de educadores no País nos próximos anos, o pró-reitor de graduação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marcos Antônio Biffi, defende política de incentivo por parte do governo federal para estimular o ingresso de vestibulandos em cursos de licenciatura.
Na visão do especialista, o cenário atual pede ação urgente por parte do MEC (Ministério da Educação). “Entendo que deveria haver bolsas de estudo para que, ao invés de pagar, o aluno receba em troca de cursar carreiras de licenciatura”, comenta. Para Biffi, a falta de professores para lecionar aulas do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental nos próximos dez a 20 anos é uma realidade. “É um dos principais problemas para o próximo ministro da Educação.”
A formação de professores deveria ser oferecida basicamente pelas instituições de Ensino Superior municipais, estaduais e federais, segundo Biffi. “As universidades privadas disponibilizam mais o curso de Pedagogia, tendo em vista que não exige laboratórios. É o famoso curso GLS (Giz, Lousa e Saliva)”, brinca o pró-reitor.
A valorização da carreira docente é outro tema abordado por Biffi. Segundo ele, é preciso que as propostas estabelecidas no PNE (Plano Nacional da Educação) sejam colocadas em prática. “No geral, os municípios acabam usando a verba do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) quase que exclusivamente para complementar o salário dos docentes, quando o recurso deveria ser usado para realização de melhorias no ensino.”
PROGRAMAS
O MEC disponibiliza três programas principais como forma de incentivo à carreira de educador. São eles: ProUni (Programa Universidade para Todos), que disponibiliza bolsas de estudo em instituições privadas de Educação Superior, Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), destinado a financiar a graduação de estudantes de baixa renda, que não tenham condições de arcar com as despesas de sua formação e a UAB (Universidade Aberta do Brasil), que tem como prioridade a formação a distância de professores para a Educação Básica.
Pré-requisito para a área é gostar do ser humano, diz especialista
A pergunta feita para os estudantes do curso de Pedagogia no primeiro dia de aula sobre o porquê da escolha da carreira tem sempre a mesma resposta: o amor pelas crianças. Conforme a coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera de São Bernardo, Sandra Regina Augusto, mais que isso, o principal requisito para o ingresso na Educação é gostar do ser humano.
“Estaremos sempre envolvidos com as pessoas. O resultado positivo ou negativo do meu trabalho vai depender do bom profissional que eu for”, destaca a educadora. Outra recomendação da docente é que a pessoa seja responsável e disposta ao trabalho em equipe. “O professor deve estar pronto para aprender sempre. Ser um docente pesquisador, aberto ao novo e buscar conhecimento”, considera Regina.
Mesmo que o profissional sofra resistência dentro da própria família e também na sociedade, a especialista acredita que aos poucos chega a confirmação de que se fez a escolha certa. “Não se pode esperar que a valorização venha dos outros. Essa é a profissão mais importante de todas, com todo o respeito às demais.”
Licenciatura habilita docente para atuar na Educação Básica
Os cursos de licenciatura habilitam o profissional a atuar como professor na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e Médio. São cursos superiores de graduação que formam profissionais licenciados em Química, Física, Letras, Matemática, Geografia, Ciências Biológicas e Pedagogia.
De acordo com o MEC, podem lecionar nos ensinos Fundamental e Médio das escolas de Educação Básica os graduados em licenciaturas e Pedagogia. Na Educação Infantil (creches e pré-escolas) e nos quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, admitem-se professores com formação mínima de nível médio, na modalidade normal. Porém, o projeto de lei 5.395/09, que tramita no Congresso Nacional, prevê que apenas a Educação Infantil admita professores com formação mínima de nível médio na modalidade normal.
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