A redução do consumo, impulsionada pelo encarecimento do crédito ao consumidor, começa a dar os primeiros sinais neste mês. Segundo a Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), a intenção de consumo das famílias caiu 3,8% em janeiro, passando a 141,6 pontos, depois de registrar recorde em dezembro, com 147,2.

Mesmo com a queda, o índice ainda é superior ao de janeiro de 2010, que registrou 139 pontos. O assessor econômico da entidade, Guilherme Dietze, acrescenta que o aumento da Selic, a taxa básica de juros, para 11,25% ao ano, também servirá para frear o ritmo de consumo e crescimento da economia. "Consequentemente a geração de emprego e renda será afetada pelas medidas de aumento do compulsório e da taxa de juros."

Em janeiro, ao contrário do que foi visto em dezembro, todos os itens registraram redução na comparação mensal. A queda mais expressiva ficou por conta do item momento para duráveis (-8,1%), chegando aos 136,2 pontos em comparação com dezembro. As famílias com renda abaixo de dez salários-mínimos registraram a maior redução: 10,1%.

"Nos próximos meses, a tendência é que o consumidor freie o consumo, pois com o aumento do preço dos alimentos e os financiamentos mais caros vão deixar pouco dinheiro para comprar bens duráveis."

O economista lembra que o volume de impostos a serem pagos no início deste ano como IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) também tira parte considerável da renda da população.

A respeito da perspectiva profissional, item que também foi abordado na pesquisa da Fecomercio-SP, houve queda de 5,6% neste mês. Isso significa que a redução na satisfação das famílias paulistanas quanto à expectativa profissional com o receio de que a economia neste ano não acompanhará o ritmo visto em 2010.

Essa queda foi maior (7,6%) entre as famílias com rendimentos acima de dez salários-mínimos.