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São Caetano afasta secretário de Saúde por falta de remédio

Medicamentos não chegam a postos da cidade
mesmo com contrato assinado por Mário Chekin

Por Raphael Rocha
Gustavo Pinchiaro
14/11/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Mário Chekin foi afastado do comando da Secretaria de Saúde de São Caetano, por determinação do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), pela falta de medicamentos em postos da cidade, a despeito de contrato vigente com duas empresas para fornecimento dos remédios. O desabastecimento é reclamação constante da população. O problema surpreende principalmente pelo fato de São Caetano ser o município com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País.

Os contratos costurados por Chekin contemplam as empresas Medic Center Distribuidora de Produtos Hospitalares Ltda e Healthecnica Produtos Hospitalares Ltda. A Medic center tem como proprietária offshore localizada no Panamá, paraíso fiscal no Caribe. A Healthecnica é ligada à Logic Engenharia, que recebeu quantia milionária do governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), para obras com problemas constatados (veja organograma completo ao lado).

Além do afastamento do secretário, Pinheiro determinou abertura de sindicância, suspensão dos pagamentos às fornecedoras enquanto fatos são apurados e encaminhamento de ofício à FUABC (Fundação do ABC), que gere o contrato firmado. A Prefeitura não revelou quando o processo administrativo será encerrado.

Medic Center e Healthecnica atendem ao complexo municipal hospitalar de São Caetano, principalmente o Hospital Albert Sabin. Checagem da administração Pinheiro constatou desabastecimento de medicamentos e materiais em diversas unidades de Saúde da cidade.

Chekin estava fora de suas funções desde o fim do mês passado por problemas de saúde. Oficialmente, o governo concedeu 30 dias de férias ao servidor, mas o termo é meramente técnico, já que, de fato, ele foi afastado de suas funções enquanto há investigação do caso.

As empresas foram declaradas vencedoras das licitações número 21/2014 e 22/2014, tocadas por Chekin e realizadas pela FUABC em maio deste ano. O valor dos acordos, somados, chega a R$ 1,2 milhão, sendo que a Medic Center detém maior fatia dos convênios – R$ 963 mil contra R$ 237,6 mil para a Healthecnica.

A Medic Center tem dois proprietários: Luiz Gustavo Nunes Dias e a empresa Golfer Participações Ltda. A Golfer, por sua vez, pertence à Erfolg Corp, com sede no Panamá. O país é considerado paraíso fiscal, que oferece facilidades a investimentos estrangeiros e de recursos ocultos.

Na Junta Comercial paulista, a Erfolg Corp declara ter R$ 10 mil em participações na Golfer. Outro R$ 1 é de Karyne Ido Chiarelli de Oliveira, brasileira declarada como procuradora da companhia panamenha no Brasil. Por dois dias o Diário tentou contato com representantes da Erfolg ou da Golfer e não obteve retorno.

A Healthecnica é capitaneada por Janete Ricco Bertoni e Débora Ricco Bertoni, a última com R$ 1,9 milhão em participação na empresa – R$ 100 mil estão com Janete.

A ligação da Healthecnica com a Logic Engenharia se dá pelo laço familiar. Débora é irmã de Rogério Ricco Bertoni, antigo proprietário da empreiteira, que hoje atua no mercado com outro nome: Provence Construtora.

A Logic tem lista extensa de contratos firmados com gestões petistas, tendo o governo Marinho, de São Bernardo, como um dos maiores clientes.

Convênios assinados com a Logic e com a Provence custaram R$ 217,5 milhões aos cofres são-bernardenses, para obras de pequeno e grande portes no município.

Um dos empreendimentos liderados pela Provence Construtora é a reforma na Praça do Professor. Entregue com pompas por Marinho no dia 14 de abril, o espaço teve de passar por adequações duas semanas depois do evento. Em quatro meses, precisou ser consertada em duas oportunidades.

Proprietários da Healthecnica não foram localizados.




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