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Pauliceia tem bailarina especial

Portadora de síndrome de Down, Aline Fávaro Tomaz dança com sapatilha de ponta

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
27/09/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


No bairro Pauliceia, em São Bernardo, vive uma jovem muito especial, que é destaque no universo do balé clássico. Aline Fávaro Tomaz, 32 anos, é a única bailarina portadora de síndrome de Down do mundo a dançar com sapatilhas de ponta que a permitem fazer, com maestria, as mais belas coreografias.

O diagnóstico da síndrome de Down (alteração genética que faz com que a pessoa tenha três cromossomos no par 21, ao invés de dois) veio após 13 dias do nascimento. Aos 2 anos, Aline foi matriculada em colégio particular da cidade. Tão pequena, já seria vítima de preconceito. “Achava que seria interessante ela conviver com as crianças ‘normais’, mas, após um ano, a direção pediu que eu a tirasse da escola, pois os pais dos alunos não queriam que os filhos convivessem com ela”, recorda a mãe, Eleide Fávaro Tomaz, 68, que a encaminhou para outra instituição de ensino. A partir do sexto ano de vida, ao perceber certa dificuldade da filha em acompanhar a classe, passou a levá-la todos os dias, por 15 anos, a uma instituição de ensino voltada a crianças com Down no bairro Moema, na Capital paulista.

Além da alfabetização, Eleide sentiu a necessidade de Aline praticar alguma atividade física. Com 8 anos, iniciava a trajetória da futura bailarina. “Ela sempre gostou de música e, quando a levei para fazer balé, a diretora ficou meio receosa, dizendo que não saberia como lidar com ela. Pedi que a tratasse normalmente e combinamos as aulas por um mês, de experiência. Aline se adaptou e, em uma semana, me chamaram para fazer a matrícula.”

Aline é tímida, não é de muita conversa, mas quando o assunto é balé, declara: “Me sinto feliz quando estou em cima do palco.” E ela já passou por vários, do Grande ABC à abertura do Parapan-Americano, no Rio de Janeiro, e em Madri, na Espanha, onde representou o Brasil no Congresso Mundial sobre Síndrome de Down.

A carreira virou o livro A eficiência na deficiência, escrito pelo pai, João Tomaz da Silva, 69. “Percebia que os pais ficavam curiosos em como ela havia chegado nesse estágio, então, passei a escrever a nossa experiência para que as pessoas possam se inspirar”, explica. A publicação foi feita de forma independente e, a cada edição (em breve será concluída a sexta, por uma editora de Portugal), Silva acrescenta novos fatos. São histórias de superação e ensinamentos. “O nascimento de uma criança com síndrome de Down não é o fim do mundo, é o começo de um mundo novo. No início a gente teve que aprender muitas coisas para passar para ela. Hoje é ela quem passa muita coisa para nós”, salienta Eleide.

Essa reportagem começou dizendo que Aline era especial. Ela realmente é, não pela síndrome que possui, mas pelo talento que a faz, na ponta dos pés, trilhar um caminho de exemplo e sucesso.

Instituição desperta cidadania com projeto Prefeitura Mirim

O futuro precisa ser preparado hoje. Pensando nisso, a IAM (Instituição Assistencial Meimei), fundada em 1968 pelo Centro Espírita Obreiros do Senhor, desenvolve, entre outros projetos, a Prefeitura Mirim. Com o apoio do Cartório Eleitoral, crianças e jovens conhecem e executam todo o trâmite que envolve o processo eleitoral.

Após a eleição do prefeito e vice (feita a cada dois anos), é formada a equipe de governo. Os secretários das diversas Pastas são escolhidos pelas suas competências para representar as reivindicações de todos os atendidos nos diversos programas da instituição. “A Prefeitura Mirim realiza semanalmente a solenidade cívica de hasteamento das bandeiras, bem como as comemorações de acordo com o calendário. Também atua na prevenção às doenças por meio de pesquisas in loco, com a elaboração de cartazes e procura supervisionada de larvas do mosquito da dengue, bem como na prestação de informações diretas para as crianças sobre higiene, prevenção ao álcool e às drogas e sustentabilidade ambiental. Os direitos e deveres são evidenciados para o entendimento de que, para cada direito, há um dever a cumprir”, explica a presidente do IAM, Miltes Aparecida Soares de Carvalho Bonna, 75 anos.

A instituição, que atende 480 crianças e jovens entre 1 e 15 anos, conta com o Centro Educacional IAM, composto pela Escola de Educação Infantil Creche Meimei, em período integral; o Centro de Educação Scheilla (Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos), no Ensino Fundamental ; o Centro de Iniciação e Desenvolvimento Profissional Pestalozzi; e o Centro de Atendimento Porta de Fabiano, para pessoas em situação de rua, além de outros programas. O trabalho é bancado por parcerias, doações e recursos governamentais.

Santuário tem celebração especial para trabalhadores

Todas as quintas-feiras, o horário das 12h às 12h30 é sagrado para os trabalhadores do entorno – principalmente metalúrgicos. É que nesse período, uma vez por semana, é celebrada missa especial para eles no Santuário Nossa Senhora Aparecida, na Rua Xavier de Toledo, 190.

Uma parte do almoço é reservada para acompanhar a celebração. “Há uns 20 anos que temos essa tradição, vai passando de padre para padre. O rito é mais rápido para que os trabalhadores possam acompanhar e almoçar depois”, diz a responsável administrativa da igreja, Patrícia Costa Dantas.

Ela ressalta que a iniciativa tem público fiel e ajuda os funcionários a manter a proximidade da religião, mesmo com a correria do dia a dia. “Nem todo mundo consegue frequentar a missa nos horários normais, então, é muito bom para os trabalhadores saber que há uma celebração voltada para eles e logo ali, bem próximo de onde estão.”

Templo dedicado à padroeira do Brasil, o santuário se prepara para as festividades que comemoram o Dia de Nossa Senhora – 12 de outubro. Entre os dias 3 e 11 do próximo mês, novenas serão levadas a casas de diversos pontos do bairro. “Nosso santuário irá ao encontro daqueles que estão mais afastados, levando a alegria do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo”, destacou o padre Alexandre Costa.

No dia 12, um manto de 55 metros, o maior já produzido no País – acompanhará a procissão, às 8h30. Ao término, um bolo de 30 metros será servido. Missas acontecerão das 6h às 18h30 e a comemoração será encerrada com a quermesse, que começa no dia 10.

Mais informações sobre a programação pelo telefone 4361-9040.

Bairro é marcado por história e tragédia

O bairro Pauliceia relembra momentos históricos por meio do Obelisco do Soldado Constitucionalista, na Rua Ângelo Marin, em homenagem aos estudantes considerados mártires ao lutar na Revolução de 1932. Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo são homenageados também na Rua MMDC.

A obra, rodeada por pequenas árvores, sofre com o vandalismo e está repleta de pichações. “Pintam e logo picham de novo. É uma pena que as pessoas não cuidem de espaços que são feitos para que possamos usufruir”, lamenta Gilvani Vasconcelos, 30 anos, que brincava no local com o filho João Augusto, 3.

Apesar dos problemas com os vândalos, ela acha que a praça merecia ganhar um pouco mais de cor. “Ficaria bem bonito se fizessem um jardim bem florido.”

O bairro também tem marcas de uma tragédia. No dia 17 de maio, explosão na academia Tem Esportes, na Rua Miragaia, causou a morte de duas pessoas. Hoje o terreno segue isolado por tapumes, sendo que um já foi arrebentado.

Por meio da abertura, uma imagem tem chamado a atenção de quem passa por ali: cinco cruzes negras estão pintadas nos azulejos de uma das piscinas, hoje vazia. “Me falaram que tinham essas cruzes, não acreditei. A tragédia fica com um peso ainda maior com isso aí”, disse Ana Garcia Esquerdo, 65, que vive próximo ao local. Na verdade, os símbolos são as marcações das raias da piscina, porém, após a tragédia, parecem um anúncio do que estava por vir.

Ainda não há esclarecimento sobre as causas da explosão. A principal hipótese é que vazamento de gás teria causado o acidente.  




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