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Contratação de consórcio tem alta de 23,4% na região

Pandemia tirou urgência na aquisição de veículos ou de imóveis; modalidade exige cautela e controle financeiro

Flávia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
19/06/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/ DGABC


A contratação de consórcio durante a pandemia do coronavírus cresceu 23,4% no Grande ABC. O maior acréscimo foi aquele destinado à compra de imóveis (26,1%), enquanto a procura para aquisição de automóveis aumentou 10,5%. Os dados são da Multimarcas Consórcios e foram levantados com exclusividade para o Diário. No País, segundo a Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio), a alta foi de 14% no segmento automotivo e de 10% no ramo de imóveis.

O consórcio é uma modalidade de crédito em que as pessoas se reúnem e cada uma paga uma parte do bem por meio de parcelas que podem variar de 50 a mais de 200 meses. Em um financiamento comum, o indivíduo pega o dinheiro emprestado e depois paga com juros. Por outro lado, no consórcio os cotistas pagam ao banco antes de adquirir o produto e, no fim do prazo, terão o dinheiro, em forma de carta de crédito, para pagar à vista. Normalmente, ocorrem sorteios no decorrer dos meses e os contemplados podem conseguir a carta de crédito antes dos demais.

Na avaliação de Fernando Lamounier, diretor de marketing da Multimarcas Consórcios, isso aconteceu porque a crise sanitária tornou a aquisição de bens de alto valor menos urgente. “Não estamos saindo de casa, a maioria das pessoas está em home office, então, não temos muitos motivos para comprar um carro novo agora. Pelo consórcio, a pessoa que deseja adquirir ou trocar de carro pode começar agora, é algo de longo prazo, e ter a carta de crédito para comprar à vista quando tudo isso passar”, avalia.

Segundo Ricardo Balistiero, coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, o crescimento na demanda por essa modalidade de crédito pode ser justificado pela queda de renda e pelo desemprego acentuado na pandemia. “Muitas vezes, a pessoa tem dificuldade para obtenção de linha de crédito, (o consórcio) acaba sendo uma opção principalmente para essas pessoas”, explica. Exemplo é uma família que deseja a casa própria, mas não tem acesso a financiamentos.

Lamounier destaca que o consórcio fomenta o planejamento e a educação financeira na população. “Se a pessoa ganha um (salário) mínimo, existe carta de crédito para ela. Se ela já tem bens, pode utilizar para renovar a frota. (O consórcio) É melhor que financiamento, em que de dizemos que se compra um carro e dá um para o banco por causa dos juros”, exemplifica. Inclusive, é possível ser cotista não apenas para compra de bens, mas também de serviços, como cursos no Exterior e festa de casamento ou debutante.

Balistiero alerta que, embora não incida juros, é necessário ficar atento ao contrato, uma vez que outras quantias, como taxa de administração e de adesão, fundo de reserva e seguro, podem estar incluídas no valor. Além disso, é preciso esclarecer o que acontece em casos como aumento da inadimplência. “É como um clube, tem várias pessoas pagando, se subiu a inadimplência, como é que é feito o rateio disso?”, alerta.

É importante verificar se a administradora do consórcio está regularizada. A empresa deve estar cadastrada no BC (Banco Central), responsável pela fiscalização do setor. A Lei de Consórcios, de 2008, regulamentou a prática e rege os contratos. 

Lamounier chama atenção que administradoras que seguem as normas não podem garantir uma data para conquista do bem, uma vez que o cotista pode ser contemplado no início, meio ou fim do prazo definido em contrato.




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