Em tempos que estimulam a realizaçao de balanços, chega ao Brasil a traduçao de um texto lançado originalmente nos Estados Unidos há três anos. As Sete Maiores Descobertas Científicas da História (Cia. das Letras, R$ 27,50, 440 páginas), escrito pelos irmaos Brody, David e Arnold, cumpre tudo que promete no título. Apresenta, descreve, comenta e, em menor grau, analisa as causas de todas as situaçoes que determinam as condiçoes enfrentadas pelo homem na Terra. Mais que isso, que moldam o comportamento das partículas mais ínfimas e dos macroscópicos e distantes sistemas planetários. David é escritor, advogado e sociólogo. Arnold é um mundialmente conhecido especialista em biologia celular. Por ciência, neste caso, eles entendem apenas as disciplinas exatas e biológicas e, obviamente, ignoram todas as formas de conhecimento de caráter religioso.

As Sete Maiores Descobertas Científicas, trocando em miúdos, é um produto especial para gente que sempre - ou pelo menos de vez em quando - ouviu falar em coisas como big-bang, relatividade, DNA e evoluçao das espécies, mas nunca percebeu exatamente de que modo elas se interligam ou interferem no cotidiano. As coisas citadas, aliás, fazem parte do conjunto de sete esmiuçadas pelos autores. A lista se completa com a gravidade e as leis básicas da física, a estrutura do átomo e a genética.

Assim, para cada descoberta corresponde um capítulo cuja característica mais marcante é o fato de ter sido planejado e redigido para o público leigo. Leitores mais acostumados com o idioma científico sao bem-vindos ao calhamaço, mas é evidente que os Brody estao mais interessados em atingir o chamado senso-comum.

Organizando melhor a apresentaçao do trabalho dos irmaos, o livro é formado por uma introduçao e as partes A Gravidade e as Leis Básicas da Física; A Estrutura do Atomo; O Princípio da Relatividade; O Big-Bang e a Formaçao do Universo; A Evoluçao e o Princípio da Seleçao Natural; A Célula e a Genética; e A Estrutura da Molécula de DNA. A obra se completa com um epílogo chamado de A Síntese, batismo oportuno, pois cumpre exatamente o desejo de todo leitor que atinge as últimas páginas e adquire o direito de indagar: mas de que forma tudo isso se relaciona?

Além da junçao de idéias, David e Arnold também tiveram o cuidado de desenhar uma cronologia das sete descobertas. A ferramenta é útil, pois, de forma rápida, permite visualizar o andamento de cada descoberta ao longo de três períodos: antes de 1800, de 1801 a 1900 e de 1901 a 1999. A questao da evoluçao das espécies, por exemplo, nao existiu antes de 1735, ano em que Lineu publica Sistema. Depois, pela ordem, seguiram-se o início da geologia (1785); o lançamento de Princípios de Geologia, de Lyell (1830); a revoluçao provocada por A Origem das Espécies (1859) e A Descendência do Homem (1871), ambos de Charles Darwin; a descoberta de fósseis de hominídeos (1920 até os dias de hoje); a descoberta do espalhamento do assoalho oceânico e da tectônica de placas (1963); e, por fim, a descoberta de Lucy (1974), um esqueleto quase completo de uma menina que viveu na atual Etiópia há cerca de 3,5 milhoes de anos e que é a base para estabelecer a nova espécie do ancestral humano Australopithecus.

Tudo isso parece complicado, mas o conteúdo de cronologia é um resumo de cada capítulo que os Brody explicam - ensinam seria mais adequado - de maneira deliciosa.