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Embrapa prepara soja resistente a herbicida
Do Diário do Grande ABC
04/10/1999 | 16:56
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Dentro de aproximadamente um ano e meio, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estará pronta para lançar uma linhagem de soja transgênica resistente ao herbicida Imazapir.

A planta, que ainda nao tem denominaçao comercial e poderá ser desdobrada em diversas variedades, está passando por testes de segurança nutricional e ambiental, processo que exige cerca de três anos, explicou nesta segunda-feira o pesquisador Francisco Aragao, da Embrapa-Cenaergem (Centro Nacional de Recursos Genéticos), de Brasília.

Aragao, que participou nesta segunda-feira do simpósio de abertura do 45º. Congresso Brasileiro de Genética, em Gramado (RS), explicou que o desenvolvimento de uma linhagem de soja transgênica requer a produçao inicial de 200 plantas resistentes ao herbicida. Destas, selecionam-se as dez mais "estáveis", com maior capacidade de gerar descendentes também resistentes, que sao submetidas a doses de herbicida três vezes superiores às aplicadas nas lavouras convencionais. Daí separam-se as cinco melhores, mas apenas uma delas será levada aos testes de segurança.

"Sao testes muito caros", disse o pesquisador. Segundo ele, o custo das experiências com a linhagem final alcançam R$ 1 milhao. Considerando-se o trabalho, desde sua fase inicial, o orçamento chega a R$ 4 milhoes. A pesquisa da Embrapa, neste caso, começou há dez anos.

Riscos - Aragao explicou que os riscos ambientais da soja transgência sao pequenos, já que ela nao tem possibilidade de cruzamento com outras plantas e o perigo de polinizaçao cruzada com outro tipo de soja é de apenas 1%. O maior problema é a capacidade das ervas daninhas de adaptarem-se ao herbicida ao qual a cultura é resistente, eliminando os benefícios da transgenia. "O ideal é desenvolver uma soja com diversas resistências para que o agricultor possa usar herbicidas diferentes", comentou.

Para Aragao, a soluçao seria um trabalho conjunto das empresas que desenvolvem as plantas geneticamente modificados, mas ele reconhece a dificuldade comercial dessas alternativas. Como opçao, à medida em que surgirem fornecedores diferentes no mercado (atualmente só há a Monsanto), o pesquisador recomenda que os produtores façam um rodízio entre tipos de sementes que irao utilizar em suas lavouras.

Feijao - Aragao disse ainda que dentro de dois anos a empresa concluirá o desenvolvimento de uma variedade de feijao resistente ao vírus "mosaico dourado do feijoeiro do campo". A doença, que é transmitida pela mosca branca, é responsável pela quebra de 40% a até 100% das lavouras em Estados mais quentes, como Bahia, Goiás, Mato Grosso e até no Paraná, segundo o cientista.

De acordo com Aragao, já existem três linhagens em testes ambientais e nutricionais, das quais será selecionada a melhor delas. A Embrapa está investindo R$ 500 mil no projeto. Os recursos sao do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Ainda segundo o pesquisador, a empresa está na fase inicial de desenvolvimento de variedades transgênicas de soja, algodao e feijao resistentes a insetos e de bananas resistente a fungos.

Toda as pesquisas estao sendo realizadas pelo Cenargen, em Brasília. Esses trabalhos ainda levarao entre dois e três anos para serem concluídos e exigirao investimentos mínimos de R$ 2 milhoes. A Embrapa, que está bancando os projetos com recursos próprios, busca de parcerias com universidades.




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