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São Bernardo tira açúcar da merenda

Mudanças no cardápio têm como objetivo reduzir obesidade e doenças relacionadas

Por Camila Galvez
18/08/2012 | 07:25
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A merenda oferecida nas escolas da rede municipal de São Bernardo está mais saudável. Saem o excesso de salsichas, a sardinha, o suco adoçado com açúcar e o pão branco para entrarem alimentos integrais, frutas, verduras e mel. Iniciadas ainda em 2009, as mudanças na alimentação escolar retiraram, até agora, em torno de 100 toneladas de açúcar das cerca de 1.500 refeições servidas diariamente.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que, no País, uma a cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos está com o peso acima do recomendado, e uma em cada cinco apresentam excesso de peso. Segundo a chefe da Divisão de Alimentação Escolar da Secretaria de Educação de São Bernardo, Vanessa Angelo Garcia, no município não é diferente. "Fizemos levantamento com a Pasta de Saúde no ano passado, o que incentivou ainda mais a adoção de hábitos saudáveis nas escolas."

Apesar de nutricionistas realizarem palestras com crianças e professores, a medida ainda encontra certa resistência. Docente da rede afirmou que um dos problemas de controle da alimentação das crianças é que muitas delas comem apenas na escola. "São de famílias carentes e essa é a única refeição que fazem no dia. Não é justo retirar os alimentos", disse a professora, que preferiu não se identificar.

Para a secretária de Educação, Cleuza Repulho, a escola não tem obrigação de resolver as demandas sociais. "A alimentação é oferecida como complemento às necessidades nutricionais dos alunos. Se há problemas familiares, outras ações da Prefeitura podem ajudar essas crianças e suas famílias", destacou.

As alterações também geraram insatisfação em alguns professores e funcionários, que a partir de agora só poderão se alimentar na escola caso sobre comida após a refeição dos alunos. "O almoço dos servidores nunca foi regra. A ideia é que eles acompanhem as crianças para ensinar como fazer o prato e que quantidade de comida colocar", explicou Cleuza.

 

SAL E ÓLEO

A próxima etapa do programa de alimentação saudável foi iniciada recentemente, com a troca do pão branco pelo integral e a diminuição no consumo de salsicha. "Isso vai ajudar a reduzir a quantidade de sódio (sal) ingerida pelos pequenos". O excesso de sal pode aumentar o risco de hipertensão e problemas renais, entre outros.

O óleo, outro vilão da boa alimentação, também vem sendo reduzido. "Evitamos frituras e usamos menos quantidade para cozinhar os alimentos."

A partir de 2010, a Pasta começou a adquirir produtos provenientes da agricultura familiar. Hoje, 80% das frutas, verduras e legumes que vão para o prato das crianças vêm de pequenos produtores da cidade. Neste ano, há contrato com 18 fornecedores representantes de cooperativas de agricultores familiares e associações de produtores rurais.

Vanessa sabe que toda mudança gera insatisfação. "Mas é para garantir o futuro saudável das crianças que fazemos isso."

 

 

Cidade atende 472 crianças com alimentação especial

Além de diminuir a quantidade de açúcar, sal e óleo da merenda escolar, São Bernardo atende 472 crianças com necessidade de dieta especial por terem sobrepeso ou colesterol e triglicérides altos, alergias, intolerância à lactose ou ao glúten, entre outros.

Na Emeb Professora Ermínia Paggi, no Jardim Palermo, a aluna do 2º ano Ana Clara do Nascimento Oliveira, 7 anos, tem o lanche diferente. Laudo médico atesta o sobrepeso, que ocasionou alta nos níveis de colesterol e triglicérides. "Não posso comer pão. Como bolachas com amendoim, mas não gosto muito", diz a menina, em referência aos cockies integrais. A refeição de Ana Clara é composta ainda de frutas, bolachas maisena e de coco, leite e suco de uva integral.

Já a estudante do 3º ano Mayara Mota de Souza, 9, é alérgica a corantes e conservantes. "Quando como alguma coisa que não pode, começo a me coçar e fico com bolinhas nas costas e nas pernas."

Para evitar a reação, Mayara não ingere almôndegas, salsichas nem nada com molho. A orientação para as merendeiras é ler o rótulo dos alimentos servidos à menina.

 

Sto.André e S.Caetano também adotam cardápio diferenciado

No Grande ABC, as cidades de Santo André e São Caetano também adotaram mudanças na alimentação escolar.

Santo André desenvolve desde 2010 trabalho voltado à prevenção da obesidade e do sobrepeso. Tendo como base a importância da alimentação e hábitos de vida saudáveis, alunos de cinco Emeiefs da cidade, passaram por avaliação antropométrica, determinando se há excesso de peso e se é fator determinante de risco para a saúde. Os casos identificados passaram por atendimento médico e nutricional com encaminhamento para profissionais das redes de Saúde e educação alimentar. Neste ano o trabalho deve ser estendido para mais duas escolas.

Em São Caetano, as mudanças começaram no ano letivo de 2011, quando foram inseridos no cardápio mais alimentos in natura (verduras, legumes e frutas) e reduzidos os industrializados, principalmente açúcar refinado e frituras. A meta é melhorar a alimentação das crianças, tornando-as mais saudáveis e reduzindo o sobrepeso e a obesidade.

As demais cidades da região não se pronunciaram.

 

 

 




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