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Fim da quarentena no Estado e em S.Caetano acende sinal de alerta
Anderson Fattori
18/08/2021 | 05:35
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Claudinei Plaza/ DGABC


O Estado de São Paulo e São Caetano colocaram ontem fim à quarentena imposta há 481 dias para conter a disseminação do coronavírus. Agora, estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços podem funcionar sem limitações de ocupação ou de horário. Nas outras seis cidades do Grande ABC as restrições continuam pelo menos até o dia 31 e os comércios podem receber até 80% da capacidade – 60% em São Bernardo – e abrir as portas das 6h até meia-noite – em São Bernardo o fim do expediente será as 22h, com tolerância de uma hora.

A flexibilização total neste momento é criticada por integrantes da Sociedade Paulista de Infectologia e pelo infectologista e fundador do IBSP (Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente), José Ribamar Branco, que não enxergam argumentos científicos que amparem a decisão dos governos do Estado e de São Caetano, que não aderiu à decisão coletiva tomada pelos prefeitos da região em assembleia realizada semana passada no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

O principal argumento das seis cidades do Grande ABC para não aderirem ao fim da quarentena é a variante delta do coronavírus, que tem feito estrago em várias partes do mundo e no Rio de Janeiro, que ontem tinha seis cidades (Bom Jesus do Itabapoana, Cantagalo, Taguaí, Itaperuna, Miracema e Nova Friburgo) com todos leitos públicos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados.

A preocupação das cidades do Grande ABC é compartilhada por Branco, que não vê com bons olhos o fim da quarentena. “Única estratégia das políticas públicas que existem hoje no Brasil é a sorte, porque os números não dão segurança para essa flexibilização. Temos apenas 30% da população (paulista) com duas doses da vacina e a faixa etária de 50 a 60 anos ainda não completou a segunda dose. O esquema completo é fundamental para controlar a expansão dessa variante delta. Essa medida otimista não corresponde aos fatos que temos visto em outras localidades”, comentou o especialista.

O infectologista acredita que São Paulo e o Brasil deveriam usar exemplos de outros países que tiveram de retroceder na flexibilização. “Israel, que já vacinou com as duas doses mais de 80% da população, teve que dar um passo atrás. A pior coisa é ter que retroceder. Só existe uma forma neste cenário que estamos vendo de isso não acontecer aqui: sorte. Não é uma estratégia baseada em números. Sei que há ansiedade para a reabertura, mas não vamos ganhar do vírus no grito”, destacou.

“Compreendemos as necessidades econômicas e sociais de nossa população, manifestamos nossa contínua solidariedade àqueles que tiveram suas vidas e seus empregos destroçados pela pandemia. No entanto, entendemos que a abertura deveria ser gradual e lenta, face aos riscos representados pela variante delta do coronavírus. Países com altas taxas vacinais, como Israel e os Estados Unidos, têm passado por aumento de casos e de mortes, embora essas últimas se mostrem menos frequentes em pessoas vacinadas. O que dizer do Brasil, onde a população adulta vacinada ainda é inferior ao desejável?”, questionou, em nota, a Sociedade Paulista de Infectologia.

Doria, no entanto, garantiu que a retomada é segura. “A vida está voltando ao normal no Estado de São Paulo, de forma segura, passo a passo, garantindo vidas, garantindo a proteção e garantindo também a retomada das atividades econômicas no Estado de São Paulo.” 

Doria dissolve centro de contingência, mas mantém 7 integrantes

No mesmo dia em que coloca fim à quarentena, o Estado de São Paulo também dissolveu o Centro de Contingência para o Coronavírus, que foi criado em março de 2020, no início da crise sanitária, e que ajudava o governo nas decisões políticas e sanitárias durante a pandemia de Covid.

 Dos 21 especialistas que compunham o grupo, apenas sete permanecem, entre eles o secretário de Saúde de São Bernardo, Geraldo Reple Sobrinho. Além dele, permanecem João Gabbardo, que é o coordenador executivo do centro de contingência; David Uip, que, além de médico pessoal do governador João Doria (PSDB), é reitor da Faculdade de Medicina do ABC; Paulo Menezes; José Medina; Carlos Carvalho; e Luiz Carlos Pereira todos ligados à medicina.

 Por meio de nota, o governo do Estado confirmou a dissolvição do grupo e agradeceu o trabalho desenvolvido durante a pandemia. “O governo do Estado agradece e enaltece o trabalho dos 21 integrantes do Centro de Contingência de Covid, que contribuíram de forma pró-bono desde o início da pandemia para o combate à doença, sempre com base na saúde e na ciência para adoção das melhores práticas preventivas e assistenciais para salvar vidas. O Estado foi pioneiro na constituição de um grupo do tipo no Brasil, criado inclusive dez meses antes dos Estados Unidos pelo governo do democrata Joe Biden”, disse o governo em nota. “Atendendo às necessidades dos integrantes, o grupo técnico de apoio ao Estado será mantido com sete profissionais, o que não representa demérito aos demais”, acrescentou a nota. 

O centro de contingência, entre outras atribuições, aconselhava o governador na tomada de decisões sobre a flexibilização ou não das regras do Plano São Paulo levando em consideração os indicadores da pandemia e a projeção para as semanas seguintes




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