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A vida louca dos Stones

Trajetória do grupo é o tema do livro Sexo, Drogas e Rolling Stones - Histórias de uma Banda que se Recusa Morrer

Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
12/05/2008 | 07:02
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Há uma piada bem conhecida no universo pop segundo a qual, no caso de um apocalipse nuclear, sobreviveriam apenas as baratas e o decano guitarrista britânico Keith Richards, de 64 anos. Ao lado do vocalista Mick Jagger, que tem a mesma idade, o músico ocupa há quase cinco décadas a linha de frente da banda de rock mais longeva em atividade: os Rolling Stones.

Pontuada por excessos de todos os tipos (principalmente de drogas, dinheiro e sucesso), a trajetória do grupo é o tema do livro Sexo, Drogas e Rolling Stones - Histórias de uma Banda que se Recusa Morrer (Agir, 352 págs., R$ 49,90). Trata-se de um prato cheio e suculento não apenas para os já iniciados no culto ao veterano conjunto inglês, que turbinou o panorama musical nos anos 1960 com uma sonoridade crua e calcada no blues. É um item indispensável para qualquer interessado nas engrenagens do mercado fonográfico.

 Organismo vivo - Escrita pelo jornalista José Emilio Rondeau e pelo especialista em rock clássico Nélio Rodrigues, a obra é recheada de informações preciosas, reportagens antigas e ótimas imagens de arquivo.

 "Os Stones são um organismo vivo e os últimos remanescentes de uma linhagem que fala uma língua em extinção. Dizer que eles já deveriam ter parado é o mesmo que dizer para o Oscar Niemeyer parar de trabalhar", compara Rondeau.

 Além de ter entrevistado a trupe de Jagger, Richards, do guitarrista Ron Wood e do baterista Charlie Watts em diversas ocasiões, ele assistiu a nada menos que 20 shows dos ídolos, realizados entre 1975 e 2006. "O grupo tem obstinação, alegria de subir ao palco, persistência no trabalho e talento", complementa Rodrigues, autor de Os Rolling Stones no Brasil: do Descobrimento à Conquista (1968-1999), publicado em 2000.

Brasil -  Os três shows e a série de viagens dos Stones ao País (iniciada em janeiro de 1968, quando Jagger curtiu férias no Rio e na Bahia) são descritos em textos detalhados, enriquecidos por depoimentos de músicos brasileiros como Dadi e Arnaldo Brandão.

 Em sua primeira visita, acompanhado da então namorada Marianne Faithfull e do enteado Nicholas, o cantor ficou impressionado com os batuques e as danças dos baianos na cerimônia de lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim. O ritual o influenciou a criar a melodia de Sympathy for the Devil, ‘samba' à moda dos Stones que se tornou um dos clássicos do disco Beggars Banquet.

 Vestido com roupas extravagantes e adereços hippies, o casal foi recebido com estranheza pela imprensa brasileira, desacostumada a tais liberalidades e sob o controle do truculento regime militar. Em 2006, depois de terem apresentado em terras brasucas os shows das turnês Voodoo Lounge (1995) e Bridges to Babylon (1998), os Stones fizeram na Praia de Copacabana, no Rio, um histórico concerto para 1,2 milhão de pessoas.

"Se hoje eles são tratados como aqueles camaradas tão familiares quanto tios excêntricos, já foram encarados como seres de outros planetas", afirma Rodrigues.

 Curiosidades - A mitologia stoneana é repleta de curiosidades e exageros. Uma das marcas mais fortes e rentáveis do mercado do entretenimento, o famoso logo da banda, conhecido como ‘a língua dos Stones', foi desenhado pelo artista plástico John Pasche e custou 250 libras (algo em torno de R$ 800).

Sobrevivente do consumo abusivo de álcool e entorpecentes - responsável pela morte prematura do guitarrista e co-fundador da banda, Brian Jones, em 1969, aos 27 anos -, Richards assume no livro que já ficou cinco dias sem dormir e chegou a cheirar as cinzas do pai. À época do ocorrido, ele negou publicamente o ‘feito'.

"Em 1988, fiz uma entrevista com o Keith e perguntei como ele tinha sobrevivido. Ele disse que não tomava qualquer coisa e que, antes de cheirar ou fumar, procurava saber de onde a droga tinha vindo. Falou que caras como Jimi Hendrix e Brian Jones tinham bobeado."




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