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Músicos analisam na TV o experimentalismo brasileiro
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
27/12/2003 | 17:12
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A TV Cultura exibe neste sábado, às 23h, Alquimistas dos Sons. O programa, inédito, reúne algumas figuras respeitáveis da música brasileira para uma análise a respeito do experimentalismo na produção musical do país. Os depoimentos são entremeados por trechos de programas exibidos pela emissora desde os anos 60 até 2001.

O time que debate a qualidade dos trabalhos nesse campo é formado pelos músicos Tom Zé, Egberto Gismonti, Arrigo Barnabé, Arnaldo Antunes e Lenine. O compositor Carlos Rennó e o maestro Júlio Medaglia completam a equipe.

O recorte que o programa faz, com base no experimentalismo, abrange a bossa nova, a tropicália, a vanguarda paulista e a jovem guarda. O que vem antes e depois disso, como movimento, é praticamente ignorado. Propositadamente ou não, sugerem as trevas do experimentalismo aos que escapam do foco do programa. Fora disso, toda luz é pontual e lançada sobre artistas como Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti.

Há, portanto, um bom conteúdo de obviedades sobre esses movimentos principais - ao menos para quem acompanha um pouco a história da música. Um exemplo é de quando falam sobre João Gilberto, que à época foi um anti-modelo do canto, com sua voz pequena, em contraste com os vozeirões que imperavam no rádio. Falar sobre a influência que ele sofreu do jazz - embora não especifiquem que foi do cool jazz de Chet Baker - também não é novidade.

Alguns detalhes, porém, fazem Alquimistas dos Sons valer a pena. Como a cena inicial, de 1978, com Tom Zé e banda fazendo história. Na ocasião, ele utilizou um sistema precário, com gravadores de rolo, que repetiam a frase "No ar, mais um campeão de audiência". Na banda, que atuava simultaneamente, havia duas pessoas que "tocavam" serrotes, e duas que esmerilhavam agogôs.

Também é interessante o trecho em que falam do maestro Hans-Joachim Koellreutter, figura das mais importantes na história da música, mas cujo trabalho ainda está restrito ao conhecimento dos iniciados. "O Koellreutter é um desrespeito ao gosto médio", diz Tom Zé no programa.

Júlio Medaglia ressalta os tempos em que o conheceu atuando como violoncelista na Bahia. "Depois, ele começou a criar uma sonoridade extraterrestre", afirma.

Além de tratar de outras figuras importantes, como Roberto Carlos, Walter Franco, Mutantes e Naná Vasconcelos, o documentário busca uma resposta à globalização que hoje afeta a produção musical. É a ponte com a atualidade. Alguns dos participantes a consideram nociva; outros, enriquecedora. Tom Zé deu uma definição interessante: "A globalização pode ser ótima, mas tem sido uma porcaria".




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